Agência de artistas transforma festa pré-Óscares em protesto contra Trump

Uma das principais agências de celebridades em Hollywood decidiu transformar a sua tradicional celebração na véspera dos Óscares num acto de protesto contra o novo ocupante da Casa Branca

A United Talent Agency (UTA) é uma das agências artísticas com maior influências de Hollywood, representando, entre outros, a cantora Mariah Carey, os diretores Ethan e Joel Coen e os actores Chris Pratt, Harrison Ford e Alicia Vikander, a qual todos os anos realiza um evento de antecipação dos Óscares em que reúne os seus artistas e muitas outras figuras da indústria do entretenimento. Mas porque este ano, mesmo esta indústria se sente empenhada em mais do que garantir momentos de lazer, entretenimento ou escapismo às pessoas, a UTA quis marcar uma posição ainda antes da noite dos Óscares, para deixar claro que condena as políticas seguidas pelo novo presidente norte-americano, Donald Trump.

É na luxuosa residência do presidente da UTA, Jim Berkus, que se realiza anualmente a festa em antecipação da grande noite dos prémio, mas este ano o ambiente não é de clebração, e a agência anunciou que complementará o seu protesto entregando 250 mil dólares à American Civil Liberties Uniun (ACLU) e ao International Rescue Committe (IRC), uma organização que luta pela defesa dos direitos civis e outra que trabalha na ajuda aos refugiados.

“Este é um momento que exige a nossa generosidade, atenção e a nossa impaciência”, afirmou o director-geral da UTA, Jeremy Zimmer, num comunicado enviado aos funcionários da agência. “O nosso mundo é melhor graças às interacções entre artistas, às trocas de ideias e à expressão criativa. Se a nossa nação deixar de ser um lugar onde os artistas podem expressar-se livremente, então acredito que deixaremos de ser os Estados Unidos.”

A iniciativa da UTA é anunciada numa altura em que um tribunal de recurso de São Francisco analisa uma acção interposta pela administração Trump, pedindo que o decreto que proíbe por três meses a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana e que foi suspenso por um juiz federal de Seattle seja reimposto. A medida também proíbe, durante 120 dias, a entrada de refugiados no país. Um prazo que, no caso dos sírios, não está sequer determinado. 

O realizador iraniano Asghar Farhadi, que disputa pela segunda vez o Óscar de melhor filme em língua estrangeira por "O Apartamento" é outro dos artistas agenciados pela UTA. Farhadi já fez saber que não irá comparecer à cerimônia marcada para a noite de 26 de fevereiro, protestando assim contra a acção executiva que, segundo muitos, é um claro exemplo da postura islamofóbica da actual administração norte-americana. Farhadi já venceu um Óscar na mesma categoria pelo filme "A Separação".