Fitch retira BPI de “lixo” após OPA do CaixaBank e BCP livra-se do Estado ao pagar 700 milhões

BCP pagou ontem ao Estado depois de ter concluído aumento de capital de 1,3 milhões de euros

O Fitch elevou o rating do BPI de “BB” para “BBB-”, uma notação financeira que já está fora da categoria de “lixo”. A melhoria, de dois níveis, surge depois de o CaixaBank ter passado a controlar 84,5% do capital do BPI, na sequência da oferta pública de aquisição (OPA) onde investiu 644,5 milhões de euros. 

Pablo Forero foi o nome escolhido pelo CaixaBank para liderar a instituição financeira, sucedendo assim a Fernando Ulrich que, após 13 anos à frente do banco, passa a chairman, cargo atualmente ocupado por Santos Silva, que ficará como presidente honorário do BPI.

Fernando Ulrich, o ainda presidente do banco, justificou a sua decisão de abandonar funções executivas considerando que, nesta nova fase, o BPI deve ser liderado por alguém do CaixaBank, que conheça o grupo, desvalorizando ainda a questão da nacionalidade do novo CEO.

Novos nomes

Na comissão executiva vão ficar José Pena do Amaral, Pedro Barreto e João Oliveira Costa. Celeste Hagaton, a única mulher no conselho, e Manuel Ferreira da Silva também comunicaram que não querem fazer um novo mandato. Estes gestores estiveram na comissão executiva 18 e 16 anos, respetivamente. Entram neste órgão Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais e Francisco Manuel Barbeira, para além de Ignacio Álvarez-Rendueles e Juan Ramón Fuertes. Os nomes agora propostos para os novos órgãos sociais do banco vão ser, no entanto, sujeitos às necessárias autorizações das entidades de supervisão.

António Lobo Xavier vai subir a vice-presidente do conselho de administração do BPI. Já Mário Leite Silva, administrador da Santoro de Isabel dos Santos, Carlos Moreira da Silva e Armando Leite de Pinho deixam a administração do banco.

Para já, o banco vai continuar cotado na bolsa de Lisboa, mas sairá do índice PSI 20 devido à concentração de muito capital num só acionista, o CaixaBank. O índice das principais empresas cotadas já só tem 17 títulos representados.

BCP já pagou ao Estado

O banco liderado por Nuno Amado cumpriu ontem um dos objetivos do aumento de capital concluído no início deste mês: já pagou ao Estado os 700 milhões de euros que devia dos chamados CoCos – dívida que pode ser transformada em ações em determinadas circunstâncias – subscritos pelo Estado em 2012.

O banco concluiu na semana passada o aumento de capital de 1,3 mil milhões de euros, que foi totalmente subscrito, com a procura a superar a oferta.

O grupo chinês Fosun reforçou a sua posição para 23,92%, ainda assim abaixo dos 30% a que poderia chegar. Já a petrolífera angolana Sonangol, segundo maior acionista, reforçou de 14,87% para 15,24%. Sónia Peres Pinto