A foto de um assassinato deve ser premiada?

Quem resumiu bem a questão foi o editor de fotografia do Público, Daniel Rocha: “Não são os fotógrafos que são locos, a realidade é que é louca.”

Porque foi. A Wold Press Photo, que todos os anos escolhe a foto do ano, que é o mais prestigiado prémio anual da arte fotográfica, escolheu como foto do ano para 2016 o momento do assassinato do embaixador russo na Turquia (muito ironicamente, o crime foi perpetrado numa exposição de fotografia). O autor da foto é Burhan Ozbilici, o embaixador assassinado foi Andrei Karlov, e o seu assassino, um jovem polícia à civil que teoricamente estava no evento para o proteger o embaixador russo, e não para o alvejar pelas costas, Mevlut Mert Altintas.

Muitos jornais portugueses censuraram a imagem, mostrando apenas o tronco do assassino, e escondendo a parte de baixo da fotografia, onde se pode ver o corpo do recém assassinado corpo do embaixador.

A própria presidente do júri da World Press Photo disse que não concordava com aquela escolha. Mas, devemos realmente fazer como a avestruz e enterrar a cabeça na areia, ou olhar para a realidade de frente, para podermos combater o que está mal, como assassinatos a sangue frio numa galeria de arte?

Quem resumiu bem a questão foi o editor de fotografia do Público, Daniel Rocha: “Não são os fotógrafos que são locos, a realidade é que é louca.”