O que o PSD gostava que Marcelo aprendesse com Cavaco

A polémica em torno da CGD deixou mais aberta a ferida entre o PSD e o Presidente da República. Os sociais-democratas não gostaram de ver a colagem de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa na defesa de Mário Centeno e as vozes críticas multiplicaram-se de José Eduardo Martins a Marco António Costa, passando por…

“O Presidente da República que se cuide”, escreve Marques Guedes, num artigo de opinião da newsletter diária dos sociais-democratas, justificando este pedido de atenção a Marcelo com o que considera ser a “escola Sócrates”, que acredita estar a ser seguida por António Costa e Mário Centeno no que toca a questões de ética.

“No saber de experiência feito do seu ilustre antecessor, quando as palavras deixam de se conformar com a realidade dos factos, convém passar a olhar com desconfiança para a “narrativa” e as “boas notícias” que lhe são vendidas pelo Primeiro-ministro”, defende o antigo ministro da Presidência de Passos Coelho, depois de afirma que “este primeiro-ministro e este Governo são legítimos e orgulhosos herdeiros da escola Sócrates”.
O social-democrata acha mesmo que a situação vai acabar por se tornar insustentável e é também assim que justifica o aviso feito ao Presidente. “É que os Portugueses não merecem ser constantemente tomados por parvos, e o país não se aguenta por muito tempo na beira do precipício”, afirma.

Para Marques Guedes, o caso em torno da existência ou não de um documento escrito sobre um alegado acordo entre Mário Centeno e António Domingues para isentar a administração da CGD de apresentar declarações de rendimentos foi uma forma de perceber como lida António Costa e o seu Governo com a ética.

“Depois da lamentável versão desportiva de que o fairplay é uma treta, temos agora a vergonhosa versão política do Primeiro-ministro para quem as questões éticas não passam de tricas”, afirma Luís Marques Guedes, que acha que este caso vem demonstrar que “a palavra dada por este governo não é palavra honrada”.

De resto, o social-democrata considera que este caso só vem confirmar uma tendência a que se tem assistido com Costa no Governo: “Foi assim na chico-espertice dos subsídios de habitação indevidos para membros do Governo, no descaramento da aceitação de ofertas interesseiras de viagens ao futebol, na mentira desmascarada sobre a preferência solicitada às instâncias europeias pela solução Santander no caso BANIF, na escamoteada responsabilização financeira dos contribuintes no problema dos “indignados” no caso BES-GES, etc, etc”.

Aquele que é visto como um dos mais prováveis sucessores de Luís Montenegro na liderança da bancada social-democrata no Parlamento também não poupa críticas aos parceiros de esquerda do Governo.

“Está claro que nada disto questionou a cumplicidade ou impressionou minimamente os parceiros do PCP e do BE. Na boa doutrina Leninista e Estalinista, os fins justificam os meios, e desde que continue garantido o seu objectivo último de manter fora do poder quem os portugueses escolheram para governar, tudo engolem e tudo correm, solícitos a branquear. Ver o PS capturado por esta velha cartilha comunista, isso sim é uma triste novidade”, nota Marques Guedes, que começa o texto com uma citação atribuída a Francisco Sá Carneiro – “a política sem ética é uma vergonha”.