O “olho de gato” que surpreendeu a astronomia

A 15 de fevereiro de 1786, o astrónomo William Herschel observou pela primeira a configuração curiosa desta nebulosa a 3000 anos-luz da Terra

Uma nuvem de poeiras e gases no espaço profundo. Podia não passar disso, mas a estranha configuração deste corpo celeste chamou a atenção do astrónomo William Herschel. A nebulosa "olho de gato", como viria a ser chamada mais tarde, foi descoberta há 231 anos, precisamente neste dia.  

“No dia 15 de fevereiro de 1786, descobri que uma das minhas nebulosas planetárias tinha um ponto no centro, que era mais luminoso do que o resto. Com uma observação prolongada, um centro brilhante, redondo, tornou-se visível. Não tive um único momento de dúvida de que este centro brilhante estaria ligado a um disco”, lê-se nos escritos do astrónomo, disponíveis na íntegra em archive.org.

O objeto celeste foi catalogado com o número 6543 no "New General Catalogue" da Real Sociedade Astronómica, publicado pela primeira vez no Reino Unido em 1788.

Esta nebulosa pode ser observada na constelação de Dragão e está a uma distância de cerca de 3000 anos-luz da Terra.

Segundo a NASA, têm sido propostas diferentes explicações para a configuração, que observações mais recentes mostraram que inclui vários anéis concêntricos. A disposição sugere que se trata de uma estrela que ejetou matéria em intervalos de 1500 anos antes de explodir definitivamente, o que terá acontecido há mil anos. A nebulosa olho de gato, adianta ainda o site do telescópio espacial Hubble, é considerada um "registo fóssil" das dinâmicas e da evolução tardia no final da ‘vida’ de uma estrela.

Sim, porque as estrelas “nascem” e “morrem”. Estima-se que, na nossa galáxia, se formem todos os anos estrelas equivalentes a três massas solares. Já uma supernova, a morte de uma estrela massiva, acontece a cada cem anos

Esta nebulosa continua a ser uma das mais complexas alguma vez descritas.