Operação Fénix. Pinto da Costa diz nunca ter tido um guarda-costas

Presidente do FC Porto é um dos 54 arguidos de processo relacionado com a utilização ilegal de seguranças privados

Jorge Nuno Pinto da Costa foi o primeiro arguido a prestar declarações no julgamento que decorre no salão nobre do quartel dos Bombeiros Voluntários de Guimarães e, logo à chegada ao local, envolveu-se numa troca de palavras com uma jornalista do “Correio da Manhã”, a quem disse: “Não seja mentirosa”. Os envolvidos no processo começaram ontem a ser julgados e serão ouvidos até 1 de setembro de 2017 naquele que é um dos processos do momento. O julgamento, que tem no presidente do Futebol Clube do Porto o principal protagonista, junta 54 arguidos, mais de 40 advogados e quase duas centenas de testemunhas. Os arguidos estão a responder por associação criminosa, exercício ilícito da atividade de segurança privada, extorsão, coação, ofensa à integridade física qualificada, ofensas à integridade física agravadas pelo resultado de morte, tráfico, posse de arma proibida e favorecimento pessoal.

Entre os arguidos, encontra-se ainda o antigo administrador da SAD portista, Antero Henrique. A lista de arguidos integra também a empresa SPDE – Segurança Privada e Vigilância em Eventos, acusada de um crime de associação criminosa e de outro de exercício ilícito de atividade de segurança privada. Eduardo Jorge Lopes Santos Silva, que também responde por detenção de arma proibida, está indiciado de ter montado uma estrutura que, com recurso à força e à intimidação, lhe permitiu dominar a prestação de serviços de segurança em estabelecimentos de diversão noturna em vários locais do país. Cinco dos arguidos estão em prisão preventiva e nove em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica.

Guarda-costas? “Nunca tive”

Pinto da Costa é acusado de sete crimes de exercício ilícito da atividade de segurança privada, por alegadamente ter contratado serviços de acompanhamento e proteção pessoal a uma empresa que sabia não dispor de alvará para o efeito. Porém, segundo a RTP, o dirigente desportivo disse que nunca teve um guarda costas e que nunca assinou um contrato para ter segurança privada. No entanto, Pinto da Costa admite que elementos da empresa de segurança da SPDE o acompanharam em várias ocasiões como garantia de segurança. O presidente do F.C. Porto foi confrontado pelo juiz com vários episódios em que se fez acompanhar por vigilantes da empresa. “Não era para serviços de segurança, mas para eu não ser asfixiado, respondeu Pinto da Costa, dando o exemplo das visitas à Afurada, quando muitas pessoas se aproximavam do dirigente para o cumprimentar.

A investigação, que está a cargo da Polícia Judiciária e envolveu mais de cinco dezenas de buscas sobretudo em Lisboa, Porto, região do Vale do Sousa, Braga e Vila Real, levou à apreensão de viaturas, dinheiro, armas e documentação.

Um Cenário diferente

Este é já o terceiro julgamento que se realiza no salão nobre do quartel dos bombeiros. Um deles foi o caso das seguradoras burladas: 16 companhias de seguros foram lesadas após a simulação de 23 acidentes. O caso, julgado em 2013, envolveu 43 arguidos.

“O salão nobre está preparado para receber este tipo de eventos, tivemos apenas de retirar algumas coisas das galerias”, explicou ao i o comandante Bento Rodrigues Marques, reforçando que não são realizados casamentos ou batizados no auditório, que recebe apenas iniciativas relacionadas com a instituição e julgamentos de grandes dimensões. O responsável referiu ainda que o trabalho dos bombeiros não será perturbado pelo julgamento: “Tudo continua a funcionar normalmente”.