La Liga, Serie A, Premier League e Bundesliga. O que a Liga dos Campeões junta também separa. Em noite quente de competição o primeiro passo, ou melhor dito, a primeira mão, dos oitavos-de-final determinou grande parte do destino de quatro equipas, de diferentes Ligas. Embora nestas lides do futebol a única certeza seja que o fado nunca está traçado.
Espetáculo agendado para a mesma hora em campos distintos. Aterremos primeiro em solo espanhol. Ponto de encontro: Santiago Bernabéu. Duelo entre dois pesadelos recentes para duas equipas portuguesas. Real Madrid, vencedor dos dois confrontos entre espanhóis e Sporting na fase de grupos, sendo um dos responsáveis pelo afastamento do clube de Alvalade da competição, e Nápoles, clube italiano que triunfou nos dois embates diante do Benfica no grupo B, atrasando a confirmação do acesso dos encarnados ao patamar em questão.
Do lado de Cristiano Ronaldo, ambição desmedida em atingir, no imediato, a sétima presença consecutiva nos quartos-de-final da prova. A longo prazo o objetivo já é maior: o Real Madrid, segundo classificado do Grupo F, atrás do Borussia de Dortmund, procura revalidar o título do ano passado, conquistado em Milão (depois de sair vitorioso das grandes penalidades contra o Atlético de Madrid) e, deste modo, tornar-se o primeiro clube a conquistar a Champions por duas vezes consecutivas. Com uma viagem agendada para Itália era essencial tirar proveito do fator casa, tendo em conta que o conjunto orientado por Zidane ganhou 28 jogos dos últimos 33 disputados no Bernabéu (e perdeu apenas um). No conjunto transalpino a história era outra. Primeiro classificado do grupo B (três vitórias, dois empates e uma derrota) e terceiro da Liga Italiana, fundamental seria manter a série vitoriosa que a equipa de Maurizio Sarri está a atravessar. Há 18 jogos sem perder (em todas as competições) o último registo negativo remonta a outubro de 2016, dia em que saiu vencido do reduto da Juventus.
Arranque prometedor (tal como já era esperado) e primeiro ataque, nos segundos iniciais, por parte dos soldados da casa. Mas enquanto o Real assustava, o Nápoles convertia.
Bastaram oito minutos para Lorenzo Insigne provar a razão de ser conhecido por Lourenço, o Magnífico (em alusão a Lourenço de Médicis) e gelar o Bernabéu ao colocar o Nápoles em vantagem, depois de aproveitar o adiantamento do costa-riquenho Keylor Navas. Estreou-se a marcar na competição e ampliou para oito o total de golos faturados na presente temporada ao serviço do Nápoles. Com pressa de chegar ao empate, o Real respondeu rápido. Cruzamento cirúrgico de Carvajal, à moda de Quaresma, a pentear Cristiano Ronaldo, antes de chegar à cabeça de Benzema. Quinto golo do avançado na Liga dos Campeões e 13.º da época com a camisola dos merengues.
Início do segundo período sem alterações nos onzes, mas com mudanças na atitude. Entrada a matar do Real Madrid que não só assinou a reviravolta por Kroos, aos 49’, com uma assistência de Cristiano Ronaldo, como sentenciou o jogo quando se tinham disputado menos de dez minutos do segundo tempo. Pouco depois, Casemiro deixou os adeptos em êxtase com um remate à entrada da área, sem deixar a bola tocar no chão e hipóteses para o guardião Pepe Reina.
Tal como no Barnabéu
Em solo alemão, o resultado no marcador ao intervalo era cópia do placard exibido em Espanha. Robben foi o autor do primeiro golo da partida, e da conta pessoal na competição, aos 11 minutos, para um Bayern que se apresentava imbatível há 15 jogos, no Allianz Arena. O Arsenal, com missão complicada, procurava afastar a maldição que impede a equipa de Arsène Wenger, que completou 200 jogos nas competições europeias, de passar dos oitavos-de-final há seis temporadas consecutivas. Para isso nada melhor que o tento do empate, apontado por Alexis Sánchez ainda antes do intervalo. A goleada chegava, tal como no Barnabéu, depois do intervalo. Os bávaros voltaram a entrar mais fortes, à semelhança do primeiro tempo, e o Arsenal já não conseguiu remediar. Com um golo de Lewandowski e Thiago Alcântara a bisar, o desastre inglês estava assinado. Mas o Bayern não estava satisfeito. Acabado de entrar, Thomas Muller quis dar o ar de sua graça e deixar a eliminatória praticamente resolvida. Uma mão cheia de golos para a equipa de Renato Sanches deixa o caminho complicado para o Arsenal.
Dez golos numa noite e Cardiff mais distante de italianos e ingleses. Mas nestas lides do futebol o fado nunca está traçado…