CIA vigiou eleições francesas

Documentos revelados pelo Wikileaks provam que os serviços secretos americanos vigiaram os candidatos presidenciais franceses

Os candidatos das eleições presidenciais francesas foram espiados pela CIA e as suas comunicações intercetadas por ordem da Casa Branca. A revelação é feita num documento divulgado pela WikiLeaks, em 16 de fevereiro, em parceria com o site Mediaparte, e os jornais Liberation e La Repubblica.

Os documentos revelados estavam sob a classificação de secretos e ‘NOFORM’, o que significa que não podiam ser revelados a estrangeiros. A sua forma é um pedido de informação em que a CIA prevê que Sarkozy não seja eleito, e dada essa circunstância pretende monitorizar de uma forma aprofundada as escolhas políticas e saber informações reservadas sobre os diversos candidatos.

Nesse âmbito, foram observadas as primárias socialistas de outubro de 2012, e as eleições presidenciais. Os serviços secretos justificam esta operação de espionagem de candidatos de um país amigo com a seguinte argumentação: «Os analistas consideram que a União para o Movimento Popular, o partido atualmente no poder, não deve conseguir assegurar a vitórias nas eleições presidenciais e, em consequência, os analistas estão interessados [em conhecer] a estratégia eleitoral dos partidos da oposição em baixo listados. As informações conseguidas ajudarão as análises sobre os cenários pós-eleitorais e o seu impacto nas relações entre os EUA e a França», justifica a CIA.

O documento pede a recolha de dados para a elaboração de três EEI (Essencial Elements of Informaton): o primeiro centrado em Nicolas Sarkozy, o segundo nos candidatos da oposição, e o terceiro nas eventuais mudanças de rumo do partido do presidente Sarkozy, depois de uma eventual derrota. Os pedidos de informação são muito alargados, por exemplo, em relação aos dirigentes da oposição, a CIA quer saber o que «pensam os dirigentes desses partidos, e os candidatos a eles ligados». Pretende-se saber as suas posições sobre a União Europeia, a crise grega, as relações franco-alemães, os EUA, e os «esforços eventuais que façam para aproximar [França] de outros países».

Para cumprir essas missões e recolher essas informações a CIA faz apelo ao trabalho de vigilância e interceção das comunicações da responsabilidade da NSA. Sendo que a diretiva não exclui a possibilidade de serem usados outros recursos de investigação como meios humanos e agentes infiltrados nos partidos e candidaturas.

Segundo notícias reveladas pela parceria entre o WikiLaeaks com o Mediapart, Liberation e La Reppublica, entre 2006 e 2012, os mais importantes dirigentes franceses e alemães foram colocados em escuta pelo NSA. Entre os dirigentes escutados estavam a chanceler alemã Angela Merkel, o na altura candidato François Hollande, o Presidente francês Nicolas Sarkozy e o ex-Presidente gaulês Jacques Chirac.

Nos relatórios dos serviços secretos revelados pelo WikiLeaks são divulgados uma série de operações de vigilância dos serviços secretos norte-americanos para conseguir obter documentos, conversas e conhecer as posições privadas e políticas desses dirigentes.

Depois de rebentar o escândalo das revelações feitas por Edward Snowden, as autoridades dos EUA foram obrigadas a refrear as operações de espionagem dos dirigentes de países amigos.