Figura da Semana: Luís Marques Mendes, um comentador noticioso muito próximo de Belém

Ocupa o lugar que já foi do professor Marcelo e tem-se distinguido pela quantidade de notícias que dá semanalamente na SIC. Marca a agenda e pouco se importa com o que dizem ser as suas intenções. Afinal, o ecrã fá-lo feliz.

Nas últimas longas semanas a agenda política tem sido ditada, em grande parte, pelos comentários do substituto de Marcelo Rebelo de Sousa à frente do ecrã. É certo que o professor dava as suas aulas na TVI e o atual conselheiro de Estado dá as suas notícias na SIC. Tendo estado à frente no caso da Caixa Geral de Depósitos, à semelhança de outros assuntos, Marques Mendes vai gerindo a informação a seu bel prazer e é o maior criador de factos políticos. Vê-se que gosta do que faz e percebe-se que é feliz a responder às suas próprias perguntas. 

Marques Mendes foi presidente do PSD, ministro e é conselheiro de Estado, mas nunca na vida teve tanta influência como agora na pele de comentador da SIC. O hábil político, e também empresário/advogado, quase que faz lei com o que diz todos os domingos. A sua faceta de comunicador, na senda de Marcelo Rebelo de Sousa, ganha força quando vai dando notícias que as suas excelentes fontes lhe passam. Não tendo contraditório, Mendes está como peixe na água. Há quem suspeite das suas fontes, nomeadamente da principal, mas os temas lançados pelo antigo líder do PSD passam a marcar a agenda política e durante a semana quase só se discute os temas lançados pela lebre de serviço, usando uma linguagem desportiva.

No último domingo, Marques Mendes surpreendeu ao falar dos ‘malefícios’ para o país da espanholização do BPI, atendendo a que os novos gestores não terão sensibilidade para a realidade portuguesa, à semelhança dos outros banqueiros nacionais. Ao ouvir tal novidade lembrei-me imediatamente do BPN, do BPP, do Banif, do BES, do BCP e da CGD, entre outros, que chegaram a uma situação deplorável, no que às contas diz respeito. Calculo que se à frente desses bancos tivessem estado banqueiros espanhóis, suíços, americanos ou franceses ainda estivéssemos muito pior… Isto, claro, segundo a opinião do estimável comentador Marques Mendes…

O antigo líder do PSD já reafirmou que não pensa voltar à vida política ativa e não é difícil perceber porquê. Nunca teve tanta influência, nunca lhe passaram tantas matérias pelas mãos e o seu escritório de advogados só tem a ganhar com o seu protagonismo. Marques Mendes, amanhã, deverá trazer mais novidades sobre a novela CGD, depois de ouvir a suas fontes. A não perder…