Ambientalistas contra apoio público do Ministério a festivais de música

A associação Zero pede ao governo que reconsidere as aplicações de verbas do fundo Ambiental 

O ministro do Ambiente deu o primeiro passo na semana passada, ao anunciar que as melhores medidas apresentadas pelos promotores de festivais para apostar no desempenho ambiental poupando recursos, no tratamento de efluentes e produção de energia terão financiamento até 60% no programa Sê-lo Verde.

Agora, são os ambientalistas que dão a cara para mostrar preocupação quanto à forma como o ministro João Matos Fernandes pretende gerir verbas públicas. Segundo a associação Zero, “é reprovável” que o Ministério do Ambiente tenha decidido “de forma pouco sensata” apoiar os festivais de música com verbas do Fundo Ambiental. “A Zero manifesta a sua total discordância com esta opção de gastar um terço das verbas destinadas à sensibilização ambiental subsidiando os festivais, não só porque estes eventos, em geral, já promovem iniciativas de sensibilização, mas também porque esta é claramente uma matéria da responsabilidade social e ambiental das empresas que os realizam, sem que haja necessidade de cofinanciamento com dinheiros dos contribuintes”.

Investimento verde O Governo decidiu avançar 500 mil euros, montante que permitirá “apoiar cerca de 10 festivais com cerca de 50 mil euros cada um. Ao i,  Paulo Lucas, membro da associação, lembra que falamos de empresas privadas e que por isso, “não devem ser os contribuintes a financiar”. Para o ambientalista, os cuidados com o ambiente deviam ser obrigatórios e que muitos dos festivais já têm essa preocupação, apesar de se focarem mais na reciclagem e não na reutilização, o que seria mais útil tendo em conta, por exemplo, a quantidade de copos de plástico que acabam no lixo”. 
O ministro do ambiente justifica a opção de investimento com o facto de se tratar de eventos que concentram dois milhões de pessoas que “naturalmente produzem muito lixo e consomem muita energia”. Paulo Lucas acredita que, seguindo a lógica do governo, rapidamente se poderiam começar a financiar jogos de futebol. “Também são eventos que juntam muita gente”, ironiza.