Superdotados ou loucos?

Há cinco décadas que os finlandeses dão cartas no desporto automóvel. 

É notável que um pequeno país com 5,5 milhões de habitantes, que não tem indústria automóvel própria, onde o desporto nacional é o hóquei no gelo, consegue coleccionar sete campeões do mundo de Ralis e três de Fórmula 1. Nenhum outro país tem semelhante palmarés.

Para explicar este sucesso podemos invocar as condições extremas em que os finlandeses aprendem a conduzir. Estradas cobertas de neve e gelo durante grande parte do ano, e dois terços da rede viária em piso de gravilha permitem desenvolver técnicas de condução apuradas. Quase sem darem por isso, tornam-se mestres na arte da derrapagem controlada… mesmo quando vão trabalhar ou levar os filhos à escola. Depois, colocam o capacete e é o que se vê, são (quase) imbatíveis. Parece que têm um GPS genético.

Existem outras razões, para além das condições naturais, que explicam este sucesso, nomeadamente: bons apoios financeiros – o desporto automóvel na Finlândia gera bastante dinheiro – condições para evoluir e paixão pelo automobilismo. Essa paixão nasce quase no berço. São os próprios pais que incentivam os filhos a fazerem corridas com pequenos veículos – é a diversão de fim-de-semana. Além disso, os media asseguram larga cobertura dos campeonatos nacionais. A produção de futuros campeões parece estar assegurada.

Curiosamente, os vizinhos da Suécia e Noruega têm as mesmas condições naturais, mas os resultados desportivos são uma lástima. A razão por ser a mentalidade “kamikaze” dos finlandeses ao volante. Posto isto, nada mais há a dizer.