Afinal o Novo Banco poderá não ser integralmente vendido, admite Centeno

“No caderno de encargos está a venda a 100%, mas havia uma segunda via”, garantiu ministro das Finanças.

Afinal o Novo Banco poderá não ser integralmente vendido, admite Centeno

Afinal o Novo Banco poderá não ser integralmente vendido. Esta hipótese já foi admitida pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, apesar dos compromissos assumidos pelo governo com Bruxelas previam a venda da totalidade da instituição financeira.

Ainda assim, o governante admite que o processo de venda do Novo Banco está a ser liderado pelo Banco de Portugal que está a explorar "diferentes carris negociais".

Centeno disse ainda que não sabia quanto é que o fundo norte-americano Lone Star que, arrancou entretanto com negociações exclusivas com o Banco de Portugal, poderá comprar. "No caderno de encargos está a venda a 100%, mas havia uma segunda via", revelou o ministro à margem da reunião mensal dos ministros das Finanças da zona euro. 

Já em relação a contactos com Bruxelas, disse apenas que existiam, mas que "normais neste processo, uma vez que visam garantir o pleno cumprimento das regras", explicou.

Mário Centeno recusou ainda a possibilidade de comprometer dinheiro dos contribuintes para agilizar a transacção com o fundo norte-americano. "Não haverá garantias de Estado", disse, argumentando que o governo está interessado em que a alienação se faça garantindo a estabilidade do Novo Banco e do sector financeiro português, mas também a estabilidade das contas públicas nacionais.

Ainda este domingo, Marques Mendes disse no seu espaço de comentário na SIC que o Executivo terá já dado orientações para ultimar as negociações e adianta que nesta fase o fundo norte-americano deverá adquirir 65% do capital, ou “um pouco mais”. Em contrapartida, segundo o comentador, o fundo norte-americano compromete-se a injetar mil milhões de euros, em vez dos 750 milhões de euros que tinham sido avançados inicialmente. 

Outra das cláusulas do acordo implica que, durante três anos, a Lone Star não poderá vender a sua participação.  Mas ainda semana passada, o fundo norte-americano já se tinha comprometido em ficar com o Novo Banco entre a cinco a dez anos.

Recorde-se que, ainda esta segunda-feira, a Lone Star garantiu estar "empenhada" em chegar a um acordo final para a compra do Novo Banco e confirma que quer manter António Ramalho na liderança do banco. Foi desta forma que o fundo-norte americano reage à notícia de que foi escolhido pelo Banco de Portugal para avançar com negociações exclusivas com vista à alineação da instuição financeira.

"Continuamos empenhados em chegar a um acordo final com o Banco de Portugal para apoiar o Novo Banco beneficiando, no longo prazo, os seus clientes, colaboradores, credores e a economia portuguesa em geral. Estamos profundamente confiantes no futuro do Novo Banco. Após uma análise aprofundada da instituição ao longo dos últimos meses, estamos conscientes da importância do Novo Banco para o futuro da economia portuguesa", revela em comunicado.

Já no início do mês de janeiro, a entidade liderada por Carlos Costa tinha apontado a Lone Star como candidato favorito, mas ainda assim, mantinha na corrida consórcio norte-americano Apollo/Centerbridge. Para já, este consórcio sai de cena, podendo, no entanto, regressar caso as negociações com o fundo americano falhem.