Pat Metheny em Oeiras ‘dá’ música pela música

Foi um enregelado Pat Metheny quem encerrou a edição deste ano do EDP Cool Jazz Fest. A noite esteve fria, mas poucos foram os que abandonaram os Jardins do Palácio do Marquês, em Oeiras, antes de Metheny dar por encerrada a hora e meia de concerto.

e fizeram bem, pois, como sempre, o melhor ficou para o fim, quando o artista deu, individualmente, a conhecer cada um dos artistas da nova banda que o acompanha, a unity band.

um a um, o saxofonista chris potter, o contrabaixo ben williams e o baterista antóbio sanchez ladearam o compositor norte-americano e tocaram de improviso para a delícia dos resistentes.

«prometemos dar o nosso melhor», apesar de «nos sentirmos como se estivéssemos dentro de um frigorífico», foi esta a promessa feita pelo guitarrista aos fãs presentes em oeiras. metheny utilizou o microfone para falar apenas duas vezes: a primeira, já depois de ter tocado três músicas e antes de arrancar para uma das grandes malhas do ultimo álbum – this belongs to you – e a última para se despedir, com um «muito obrigado» em português.

bem ao estilo metheny, os acordes da guitarra e a fusão com os outros três instrumentos da banda fizeram o jazz experimental, por vezes, transmutado para melodias incrivelmente melódicas, elevar-se pelos românticos e iluminados jardins do marquês.

a música pela música

«pedimos desculpa, mas neste concerto está proibida a captação de imagens», explicava uma das organizadoras antes de o concerto começar. pat metheny exigia a ausência de câmaras de filmar e máquinas fotográficas, o compositor prefere estar completamente concentrado na música e dispensa o aparato tecnológico à sua volta.

os ecrãs gigantes que ladeavam o palco foram removidos – com algum prejuízo para os espectadores sentados mais atrás – e durante todo concerto não houve disparos de flash, nem máquinas fotográficas ou iphones a cobrirem a visibilidade para o palco. retirando ao seu público a «obrigação» de fotografar, filmar e partilhar o concerto, metenhy conseguiu ter à sua frente uma plateia cheia e completamente comprometida em escutar a sua música,

no final, ninguém parecia demasiado aborrecido com a falta de «recordações» para mostrar aos amigos, cheios de boa música – «foi brutalíssimo», afirmava uma espectadora à saída do concerto – os fãs do guitarrista deixaram os jardins do marquês satisfeitos.

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