3 de Janeiro de 1960. Os dez de Peniche

Por ordem alfabética: Álvaro Cunhal, Carlos Costa, Francisco Martins Rodrigues, Francisco Miguel, Guilherme da Costa Carvalho, Jaime Serra, Joaquim Gomes, José Carlos, Pedro Soares, Rogério de Carvalho.

A fuga da cadeia de alta segurança de Peniche destes dez prisioneiros, ligados ao Partido Comunista Português, foi uma espinha cravada na garganta do Estado Novo nesse início de década que haveria de ser terrível.

Os planos foram gizados interna e externamente. Em contacto, os encarcerados Álvaro Cunhal, figura universal do PCP, Jaime Serra e Joaquim Gomes e, no exterior, Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.

Rogério Paulo: encenador e actor, nascido em Angola, em Silva Porto, actual Kuíto, falecido em 1993. Foi ele que, ao final da tarde desse dia 3 de Janeiro, conduziu o automóvel que estacionou em frente ao forte de Peniche, prisão política de segurança máxima, orgulho da repressão salazarista. Abriu o porta-bagagens. Era o sinal combinado para dizer que tudo estava a postos.

Dentro do forte, havia um guarda mancumunado com os fugitivos. Chamava-se José Alves. Auxiliou na neutralização do carcereiro, à força de uma anestesia.

Os Dez de Peniche desceram para o piso inferior por uma árvore. Daí para fora das muralhas foram utilizados lençóis amarrados uns aos outros. Depois a vila. E o transporte que os conduziria à clandestinidade.

Álvaro Cunhal instalou-se na casa do camarada Pires Jorge, em São João do Estoril.

O guarda José Alves exilou-se na Roménia. Tinham-lhe prometido 120 contos. Nunca chegou a recebê-los. Suicidou-se uns anos mais tarde.