Marco António pressionado a avançar na bancada

Marques Guedes vai amealhando apoio junto dos deputados do PSD, mas há ambições que colidem com a candidatura «mais consensual». Marco António Costa foi incentivado. 

Já há conversas para reunir apoio em torno de um só nome para a sucessão a Luís Montenegro. 

Próximo da direção de Pedro Passos Coelho, mas consensual em quase toda a bancada, Luís Marques Guedes tem vindo a cimentar a sua posição como favorito para assumir a liderança do grupo parlamentar dos sociais-democratas, um cargo que já desempenhou. 

Marques Guedes foi presidente da bancada laranja, secretário-geral do partido, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros e ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares. Tem, portanto, uma carreira cheia nos meandros do Partido Social Democrata e o perfil é reconhecido como institucionalista. 

Embora Pedro Passos Coelho ainda não tenha tomado qualquer decisão sobre o tema, a relação de cordialidade e lealdade entre Guedes e a sede nacional é de igual modo notória.  

O primeiro vice-presidente mais provável, com Marques Guedes, seria Emídio Guerreiro, seu próximo e recentemente nomeado para presidir a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. 

Antes ou depois?

«Um líder que decidiu a sua direção num sábado não vai estar a decidir agora a sucessão da bancada», aponta um parlamentar do PSD ao SOL, lembrando que estaturiamente «ainda falta mais de meio ano» para a eleição da direção do grupo parlamentar.

«O mais relevante será o momento da eleição e pode nem ser antes do próximo do congresso», adianta ainda a fonte, que se reservou ao anonimato. Se o presidente do partido convocar o congresso em reação às eleições autárquicas deste ano – «certificando uma relegitimação» –  a eleição para a presidência do grupo parlamentar fica suspensa até à conclusão desse congresso e «para Luís Montenegro [o atual líder de bancada], quanto mais tempo melhor líder, melhor». 

Hipótese MAC

Mas o cenário de adiamento da eleição do sucessor de Montenegro para depois do próximo congresso desperta outro cenário nas possibilidades social-democratas. «Se o assunto da bancada passar para depois do congresso, há um nome que ganha força: Marco António Costa», sublinha um senador do partido, ao SOL. «Ele assumiu que regressou e assumiu que está com Passos até ao fim. A liderança de bancada é um prémio e é um prémio que o compromete com a direção», analisa. Aí, o primeiro vice-presidente favorito seria Miguel Santos, eleito pelo círculo eleitoral do Porto. 

Tradicionalmente, as vice-presidências do grupo parlamentar do PSD podem transitar entre mudanças de liderança quando ostentam pastas anexas. Adão Silva, com os Assuntos Sociais, é um dos exemplos mais evidentes. Os primeiro vice-presidentes, por outro lado, têm tendência a serem renovados com o fim de mandato  de cada direção da bancada. 

Nesse sentido, sabe o SOL, Hugo Soares, o atual primeiro vice, é visto como um potencial candidato numa lógica de renovação. «Aí, o confronto seria geracional, entre uma escola mais velha e a nova camada», esclarece a referida fonte. 

Ao que o SOL apurou, por outro lado, José Matos Correia e José Pedro Aguiar-Branco foram ambos sondados para a possibilidade de suceder a Luís Montenegro, estando o primeiro menos disponível que o segundo. 

Teresa Morais, que já fora ponderada pela direção nacional para liderar a bancada quando Montenegro esteve à beira de integrar o governo de Passos, é outra possibilidade, mais surpreendente. 

Haverá unanimidade?

Cada mandato de liderança parlamentar possui um período de duração de dois anos. Montenegro foi eleito pela primeira vez em junho de 2011, depois da vitória do PSD contra o PS nas legislativas e foi reeleito em outubro de 2013 e a Novembro de 2015.

O atual líder de bancada concorreu sempre sem oposição interna – um cenário de consenso preferido por Pedro Passos Coelho, sendo que da última vez reuniu uma 97,5 de votos favoráveis entre os parlamentares sociais-democratas. 

Se a unanimidade se repetirá, está por averiguar.