Banco de Portugal. Técnicos defenderam saída de Ricardo Salgado meses antes do colapso

Investigação da SIC garante que Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, pode ter omitido informação no respeita ao caos BES. 

De acordo com uma investigação, levada a cabo pela SIC, há documentos que provam que o Banco de Portugal (BdP) conhecia pormenores do que se passava na esfera Espírito Santo.

Dois desses documentos servem de base ao primeiro episódio da sério “Assalto ao Castelo” e mostram que, nove meses antes da derrocada, os técnicos do BdP defenderam a saída de Ricardo Salgado.

O primeiro documento põe em causa a continuidade dos quatro administradores do Banco Espírito Santo (BES). De acordo com a SIC, é assumida de forma clara possibilidade de Ricardo Salgado ser afastado de forma imediata. Ainda assim, na mesma nota informativa, assinada por técnicos do BdP, é reconhecido que o regulador estava a deixar passar o tempo, sem que as devidas medidas fossem tomadas.

A investigação dá então a conhecer quais eram as conclusões dos técnicos: Conclusões que podem muito bem ter ficado apenas dentro da gaveta, já que Ricardo Salgado acabou por sair apenas meses depois da nota informativa interna ter colocado em causa a sua continuidade.

No primeiro episódio de “Assalto ao Castelo” é ainda revelado um outro documento que mostra um balanço detalhado dos resultados de algumas filiais e sucursais da instituição. A conclusão era que havia duas filiais com “riscos elevados”, entre elas a angolana. Riscos que estavam ligados à área do controlo devido à opacidade dos procedimentos. Mas, ainda assim, desse relatório à notícia de que o BES Angola tinha perdido o controlo de mais de 5 mil milhões de dólares passaram três anos. 

Recorde-se que ao mesmo tempo que ligou com o colapso financeiro, a família Espírito Santo enfrentou ainda processos judiciais. Em julho de 2014, Ricardo Salgado foi detido e constituído arguido no âmbito da Operação Monte Branco, por suspeitas que incidiam sobretudo nas transferências de 14 milhões de euros feitas por José Guilherme para sociedades offshore de Salgado. No ano a seguir, Ricardo Salgado voltava a ser detido, mas desta vez por causa de uma investigação do caso do universo BES. 

A família Espírito Santo viu ainda mais de 500 bens serem arrestados. Entre os imóveis confiscados estavam moradias de luxo e até a Herdade da Comporta.