China. Agora sim, a bola vai começar a rolar

A Super Liga Chinesa arranca amanhã. Scolari quer manter a hegemonia, Villas- -Boas tem uma promessa a cumprir e Pellegrini está em busca do primeiro título no Oriente

A política de contratações, os tetos salariais ou o número de jogadores estrangeiros permitidos em campo são alguns dos temas que têm dominado o futebol chinês, mas só agora é que o esférico vai entrar em campo. Esta sexta-feira, o apito vai soar para dar início à primeira jornada da liga que se tornou mediática pelas contratações milionárias de jogadores, e treinadores, estrangeiros.

André Villas-Boas é um dos protagonistas que marcam presença nesta Super Liga Chinesa, com o primeiro teste a contar para o campeonato agendado para este sábado frente ao Changchun Yatai. O técnico luso chegou aos comandos do Shanghai SIPG em dezembro de 2016 para suceder ao sueco Sven-Göran Eriksson e tornou-se um dos treinadores mais bem pagos do mundo, embora a quantia oferecida pelo clube não tenha sido revelada. Villas-Boas chegou a solo chinês depois de abandonar o Zenit, da Rússia, conjunto com quem conquistou um campeonato, uma taça e uma supertaça em pouco mais de dois anos que por lá andou. Antes de a temporada começar, o antigo treinador do FC Porto revelou a promessa que fez ao presidente do clube. “Prometi que no final da temporada ele [presidente] ‘dormiria’ com um troféu”, confidenciou o portuense de 39 anos. Até ao momento, Villas-Boas só tem dado motivos para sorrir: conquistou três vitórias… em três jogos realizados (nos playoffs da Liga dos Campeões asiática bateu o Sukhothai por 3-0 e, já na fase de grupos da competição, venceu o Seoul por 1-0 e goleou o Wanderers por 5-1). Ou seja, 100% de eficácia para o treinador português, que divide neste momento a liderança do Grupo F, com seis pontos, com o Urawa Reds, equipa com quem tem encontro marcado para dia 15 deste mês.

Tudo corre de feição para o orientador do Shanghai SIPG, que quer acabar com a hegemonia do Guangzhou Evergrande, de Scolari, hexacampeão da China. Para ajudar a chegar ao objetivo pretendido – o troféu prometido –, Villas-Boas conta, entre o plantel, com o defesa português Ricardo Carvalho, o médio brasileiro Oscar, por quem o clube desembolsou 60 milhões de euros, e o antigo avançado dos dragões Hulk. Um esforço financeiro feito pelo clube, mas que Villas-Boas tem a certeza que vai fazer “a diferença em campo e garantir que alcançamos os objetivos. O sonho de todos é vencer”.

De destacar que em apenas um ano ao serviço do Porto, Villas-Boas venceu o campeonato de Portugal, a Liga Europa, a Taça de Portugal e a Super Taça. Passou depois pela Premier League, onde orientou o Chelsea e o Tottenham, mas foi no Zenit que voltou a levantar troféus.

Na China tem uma promessa a cumprir que implica acabar com o reinado de Luiz Felipe Scolari…

Scolari só sabe vencer

Desde que chegou ao Guangzhou Evergrande, em junho de 2015, que o treinador brasileiro tem tido uma caminhada feliz. Nos 73 jogos na chefia do clube soma 45 vitórias e apenas oito derrotas. O técnico de 68 anos já arrecadou, nos dois anos… dois títulos de campeão chinês, uma taça da China e ainda uma Liga dos Campeões Asiática. Esta época já juntou mais um troféu à coleção, a Supertaça, depois do triunfo, no passado domingo, do Evergrande sobre o Jiangsu Suning (1-0), o grande rival na luta pelo título da época passada, apesar de ter terminado no segundo posto com sete pontos de diferença em relação ao plantel do brasileiro.

Em outubro de 2016, na ressaca do bicampeonato, descrito como o “mais saboroso por causa de todos os problemas ao longo da época [lesões]”, Scolari conversou com o i. “Sinto-me feliz pelo trabalho que temos feito aqui na China. Temos tido os estádios cheios e sempre um enorme calor em redor dos jogadores, o que ajudou muito na conquista destes dois últimos campeonatos”, afirmou.

Recorde-se que uma das medidas anunciadas recentemente pelo dono do clube foi o desejo de ter uma equipa formada apenas por jogadores do país até 2020. Na perspetiva de Xu Jiayin, a equipa ideal para o Evergrande “é constituída apenas por chineses e inclui um treinador de topo mundial”. Scolari chegou ao clube para substituir Fabio Cannavaro e está à procura de ser tricampeão pelo Evergrande – que procura o seu sétimo título consecutivo na liga chinesa. Na primeira jornada vai medir forças com o Beijing Guoan. Mas quem também tem uma palavra a dizer é o treinador italiano, que voltou a solo chinês para representar o TJ Quanjian, depois de uma curta passagem pelo Nasr, dos Emirados Árabes.

Aos 43 anos, Cannavaro procura o seu primeiro título da carreira. E também há quem também queira o primeiro título mas, desta vez, no Oriente…

“Não vai dar para gastar o que ganhar”

O chileno Manuel Pellegrini rumou ao Heber China Fortune no verão de 2016. Aos 63 anos garantiu ao jornal “Marca” que, “se cumprir o contrato estabelecido [dois anos e mais um de opção], não terei tempo para gastar o que ganharei na China”, descartando a hipótese de se ter mudado pelas montanhas de dinheiro. Sem projetos na Europa, o técnico chileno considerou a “proposta sedutora”. Depois de ter sido campeão do Equador pelo Quito (1998/1999) e campeão de Inglaterra pelo Manchester City (2013), com quem ainda levantou dois troféus da Taça da Liga (2013, 2015/2016) o chileno anda em busca do primeiro título no Oriente… Chegou com o campeonato na sua fase final e apenas conseguiu uma vitória nos sete jogos como treinador principal na época de 2015/2016. Tem agora a oportunidade de começar de novo, à semelhança do português Jaime Pacheco.

Aterrou em agosto no Tianjin Teda para disputar as últimas dez jornadas da competição. Com quatro vitórias, cinco derrotas e um empate, o Teda não conseguiu melhor do que terminar no 11.o posto da tabela, entre as 16 equipas que constituem a prova.

Pacheco foi campeão de Portugal pelo Boavista em 2000/2001 e que repetir a proeza no país asiático. As contas começam a ser feitas amanhã para o segundo luso na linha da frente de um clube chinês, que tem encontro agendado diante do Shandong Luneng.