Défice e milagres. Marcelo, Costa e César respondem a Teodora

Presidente do Conselho das Finanças Públicas disse que o défice foi, de certa forma, um “milagre”

Teodora Cardoso lançou uma bomba para os lados do Terreiro do Paço, ao afirmar ontem que o défice de 2,1%, foi, de certa forma, um “milagre”. Em entrevista ao “Público” e à “Rádio Renascença”, a presidente do Conselho de Finanças Públicas sustentou que as medidas que levaram à redução do défice “não são sustentáveis”.

Teodora Cardoso acredita que o equilíbrio alcançado é, portanto, periclitante pelo que os resultados de 2016 não serão um fator apaziguador para os mercados. 

“Este tipo de medidas não são sustentáveis. O que resolve o problema da despesa pública é uma reforma que tenha efeitos a médio prazo de melhor gestão das despesas, de qualidade das despesas e de ganhos de eficiência. Nunca fizemos esse esforço no passado, portanto, há-de haver espaço para ganhos de eficiência. Agora, isto não se pode fazer em seis meses, exige uma programação, exige uma forma de atuar diferente, que está aliás prevista na nova lei de enquadramento orçamental”, explicou a economista.

Dos maus augúrios

Do coro de respostas às considerações da presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP) destacam-se António Costa, Carlos César e Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República não deixou o “milagre” da economista sem resposta. “Milagre este ano em Portugal só vamos celebrar um, que é o de Fátima para os crentes, como é o meu caso, tudo o resto não é milagre. Saiu do pêlo e do trabalho dos portugueses desde 2011/2012”, disse Marcelo no final de uma aula  sobre a vida de Sá Carneiro na escola Rodrigues de Freitas, no Porto.

Também Carlos César fugiu para o inefável e aproveitou para reagir a outras previsões “O CFP, tal como em algumas ocasiões a OCDE ou o FMI, têm-se especializado em maus augúrios para o país”, afirmou o líder parlamentar do PS. “Para felicidade de todos nós, têm falhado. O país hoje está confrontado com resultados muito positivos em matérias de crescimento económico, aumento do investimento, aumento do consumo interno e das exportações, ao mesmo tempo que foram criados mais de cem mil postos de trabalho líquidos ao longo do último ano”.

Depois do “milagre”,  dos “maus augúrios” e do “sair do pêlo”,  a resposta de António ao CPF voltou à terra – e ao trabalho. “O governo não faz milagres. Nós fazemos bem o nosso trabalho. Quem fez previsões é que cometeu um monumental falhanço”.

O primeiro-ministro, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de inauguração da esquadra de PSP de Vila Franca de Xira, frisou o ‘lapso’. “É  preciso um grande esforço para ter que invocar em vão o nome de Deus e não reconhecer o que é simples de reconhecer, que foi o monumental falhanço de todas a previsões do Conselho de Finanças Públicas ao longo do ano de 2016”.