Donald Trump acusa Barack Obama de o ter posto sob escuta um mês antes das eleições

Sem apresentar quaisquer provas, o presidente norte-americano acusa o seu antecessor de ter colocado os telefones da Trump Tower sob “escutas” um mês antes das eleições, e no Twitter chamou a Obama um “mau carácter (ou perverso)”

No habitual estilo de quem primeiro dispara e depois logo vê aquilo em que atinge, Donald Trump usou a sua conta de Twitter para lançar graves suspeitas desta vez sobre o seu antecessor, Barack Obama. Através de várias mensagens na rede social, acusa-o de ter dado ordens para que os seus telefones fossem postos sob escutas, e compara esta acção ao escândalo do Watergate e ao período do McCartismo.

Adianta que apesar desta estratégia, a anterior administração não terá conseguido descobrir nada, como também não foi capaz de impedir a sua vitória. Assim, o presidente foi o primeiro a dar a suposta notícia, mas sem adiantar que informação obteve e que o levou a esta conclusão. “Terrível! Acabo de saber que Obama pôs os meus “telefones sob escuta” na Trump Tower antes da vitória. Mas não descobriu nada. Isto é Macarthismo!”, diz o primeiro tweet.

O presidente republicano levantou-se cedo ou passou a noite em claro. A sequência dos seus tweets surge entre as 5h35 e as 6h02 da manhã deste sábado, isto no horário de Palm Beach, na Florida, tendo Trump passado a noite no resort onde costuma fazer férias. Das poucas informações que oferece, Trump adianta que tinha acabado de receber as notícias, e alega que Obama terá pedido autorização judicial para pôr o seu escritório sob escuta, mas depois de um tribunal o recusar, fê-lo ilegalmente.

“É legal um presidente em funções pôr escutas nos telefones durante a corrida eleitoral? Rejeitado por um tribunal. É UM NOVO PONTO BAIXO!" E dpois de largar apenas a sugestão e sem entrar em detalhes, o presidente deixa de lado o tom indignado e alarmante, para estender a passadeira à especulação: “Aposto que um bom advogado conseguiria construir um óptimo caso a partir do facto de o presidente Obama ter posto os meus telefones sob escuta em Outubro, antes das eleições”.

E terminou assim: “Quão baixo desceu o presidente Obama ao pôr os meus telefones sob escuta durante o sagrado processo das eleições. Isto é Nixon/Watergate. Um mau carácter (ou perverso)!”

Depois disto, os media norte-americanos ficaram aos papéis, uma vez que os contactos com a administração para obter mais esclarecimentos foram gorados. Os elementos da equipa de Trump recusaram os pedidos para que as acusações feitas pelo presidente fossem clarificadas, e não indicaram sequer se tinham como base informação recebida da parte dos serviços secretos ou de outras agências do governo. Entretanto, também não foi possível obter qualquer reacção da parte de Barack Obama.

Não sendo a primeira vez que Trump aponta o dedo ao seu antecessor por ter participado nalgum tipo de conspiração contra si, a gravidade das novas acusações marcam o iniciar de um capítulo mais grave nas hostilidades face à anterior administração. Numa entrevista concedida à Fox News na terça-feira, o presidente tinha já acusado Obama e algumas das suas “pessoas” de terem desencadeado manifestações contra a actual administração.

Uma vez que nas horas seguintes o assunto foi entregue à imaginação de cada, rapidamente na internet começaram a surgir diferentes narrativas sobre o que poderá estar por trás das suspeitas de Trump, e segundo o "The New York Times" especulava-se sobre a possibilidade de uma vez mais Trump ter dado crédito a um artigo que leu no site de notícias Breitbart, onde a informação é tantas vezes empolada ou é simplesmente fabricada. Outra hipótese era o presidente ter dado ouvidos as tiradas paranoicas do radialista de extrema direita Mark Levin. Qualquer destes tem alimentado essa teoria da conspiração.

O artigo do site Breitbart foi publicado ontem e, sem qualquer fundamentação, alega que houve uma série de passos dados pela administração de Barack Obama nos últimos meses para minar a campanha presidencial de Trump, e, mais recentemente, a sua admnistração. O site que foi dirigido até há algumas semanas por Steve Bannon, actual "homem sombra" do presidente, não e restringe à matéria de facto, mas avança muito para lá da mera conjectura, tomando por factos meras distorções da realidade. E não seria a primeira vez que Trump era forçado a admitir que dise um disparate por o ter lido antes num sítio qualquer.