Oeiras. Isaltino longe de Vistas continua à espera de saber quem vai a jogo

Isaltino Morais diz que ainda não sabe se vai ou não candidatar-se a Oeiras. Mas de uma coisa afirma ter a certeza: recusa qualquer apoio ao atual presidente, Paulo Vistas

“Posso afirmar aqui, categoricamente, que Paulo Vistas não terá o meu apoio na corrida à câmara de Oeiras”, disse ao i o antigo autarca, convidado a comentar a apresentação da candidatura do atual presidente, agendada para hoje.

Questionado acerca das razões que o levaram a não apoiar o seu ex-vice-presidente e braço direito, Isaltino esclareceu: “Não quero pessoalizar as coisas. Provavelmente está a fazer o melhor que sabe e pode. Nem digo que não seja bem-intencionado. Mas a verdade é que lhe falta a tempera de líder de um município como Oeiras”.

Aquele que durante muitos anos foi o autarca modelo do PSD enumerou algumas das razões para recusar apoio a Paulo Vistas.

“A primeira e principal razão está nos próprios munícipes. Estou certo de que os oeirenses ficariam muito surpreendidos se me vissem a dar apoio à atual equipa da câmara. Esta gestão começou a marcar passo outra vez. Oeiras era uma referência e, embora ainda o seja, deixou de ser protagonista, porta-voz e um modelo relativamente a outros municípios”, adiantou.

Para o antigo presidente há toda uma série de aspetos que eram “apanágio e emblema” do município. E apontou: “Oeiras atraía e captava investimento ligado a grandes companhias estrangeiras, a empresas tecnológicas, e instituições de educação e de investigação científica. Mas de repente isso deixou de acontecer no concelho”.

“As pessoas sentem que Oeiras perdeu voz na área metropolitana de Lisboa e, por isso, sou muitas vezes interpelado com uma pergunta: ó presidente – é assim que ainda me tratam – não dê apoio a esta equipa [câmara]”, disse.

Para Isaltino Morais, a gestão de Paulo Vistas “desvirtuou um projeto que as pessoas conheciam e, embora muitas vezes o presidente fale de continuidade, isso não corresponde à realidade”.

“Não há continuidade alguma. Nem na gestão, nem na relação com as pessoas, nem na proximidade com os munícipes, nem na imagem que a Câmara Municipal de Oeiras deixa hoje transparecer. Por isso, não me identifico minimamente com Paulo Vistas. O facto de ter sido meu vice e de o ter apoiado no último mandato, não significa que o apoie agora. Persistir na atual gestão seria persistir no erro”, assegurou.

Isaltino Morais criticou ainda aquilo que classificou como uma alegada tentativa da candidatura de Paulo Vistas em “enganar as pessoas”, a propósito da utilização da sigla IOMAF, a mesma utilizada em três candidaturas anteriores.

Depois de ter entrado em rutura com o PSD, o antigo autarca apresentou-se ao eleitorado como independente debaixo da candidatura “Isaltino Oeiras mais à frente” (IOMAF). Aliás, foi também debaixo desta sigla que Paulo Vistas ascendeu à presidência do município.

Agora, Paulo Vistas vai apresentar-se debaixo da sigla “Independentes Oeiras mais à frente”, ou seja IOMAF.

“Fico surpreendido porque, na verdade, o candidato parece querer dar o mesmo valor e a mesma importância ao I de Isaltino e de Independentes, havendo ali uma reserva mental. Não tenho dúvidas. Com isso o que se pretende é enganar as pessoas. Só pode querer dar a entender que tem o meu apoio”, acusou.

Isaltino pensa mesmo que a utilização daquela sigla “é abusiva nos moldes em que está a ser usada, uma vez que durante três atos eleitorais não pode significar Isaltino e depois passar a independente”.

Todavia, Isaltino Morais continua sem desvendar o seu futuro imediato.

“Uma coisa é não concordar com as não políticas desta equipa, outra é a decisão que venha a tomar sobre uma candidatura. Apesar da ansiedade e insistência, da simpatia e do carinho – há aí um movimento espontâneo que não recebeu qualquer orientação minha, mas já recolheu 15 mil assinaturas –, não tomei qualquer decisão. Até porque quero ver qual é o quadro de candidatos”, esclareceu.

Lembrou que o PSD “não tem candidato” à câmara, uma situação que qualificou como lamentável para um partido de poder.

“É triste que o maior partido português não tenha candidatos a Lisboa e a Oeiras, além de ter deixado de ser social-democrata. Pelos vistos só tem candidatos a ministros e a deputados. No poder local ninguém quer ser candidato”, afirmou.

E acrescentou: “Como tenho vindo a dizer, não excluo nem deixo de excluir uma candidatura. Aguardo que o PSD apresente o seu candidato – se não o fizer até ao final de março é porque está mesmo muito doente. Quero ver quem vai e então tomarei uma decisão”.

 

Isaltino nega contactos para eventual candidatura O antigo detentor do cargo nega também quaisquer contactos que terá estabelecido com presidentes de juntas de freguesia do município, de modo a integrarem uma potencial lista independente encabeçada por si. “Não estou a sondar ninguém”, disse. E revelou: até “há presidentes de junta que me perguntam o que vou fazer”, embora, com outros, “nem valha a pena conversar”.

O i sabe que a candidatura de Paulo Vistas ao permanecer independente ou ao colher apoio do Partido Social Democrata poderá ser determinante para a decisão de Isaltino Morais avançar ou não para a câmara que já foi sua.

com Sebastião Bugalho