Por nossa conta e risco

Foi hoje, 6 de março, divulgado que o Banco Central Europeu (BCE) reduziu, novamente, em fevereiro, as compras de dívida pública portuguesa.

Segundo o Jornal de Negócios online, as compras de dívida pública portuguesa têm-se vindo a reduzir desde o verão passado, sendo atualmente menos de metade do limite mensal que podiam atingir. Desta forma, sem este decisivo comprador, não admira que as nossas taxas de juro tenham vindo progressivamente a subir. A taxa de juro da dívida portuguesa, depois de na semana passada não ter conseguido quebrar (no sentido da descida) o limite crítico de 3,86%, seguiu hoje na sua tendência de subida, tendo-se fixado no fecho do mercado em 3,96%.

Na quarta-feira o Estado vai endividar-se nos mercados, pedindo dinheiro emprestado com os prazos de três e de nove anos. As reservas financeiras do Estado continuam a níveis confortáveis, o que dá segurança aos investidores e aos cidadãos: não haverá outra crise financeira à porta. De qualquer forma, convirá dar uma espreita aos resultados das operações de endividamento de quarta-feira.

Quando não há compradores para a dívida, as taxas de juro sobem. Com a participação cada vez menor do maior comprador de todos, o BCE, não é de admirar que as taxas de juro a dez anos desde os 2,69% atingidos a 15 de agosto do ano passado. Esta subida das taxas de juro não se deveu à degradação da situação económica portuguesa, antes pelo contrário.

De facto, esta situação tem o seu quê de vitória para Portugal: mesmo com compras cada vez menores do BCE, as nossas taxas de juro encontram-se a níveis aceitáveis (embora fosse melhor, claro, que fossem inferiores). Assim, passo a passo, Portugal continua no caminho de se emancipar, e de não depender do BCE nos mercados de dívida. Cada vez mais, estamos por nossa conta e risco, como a maioria dos adultos. E não nos estamos a sair mal.