2017: Portugal Amordaçado

1.António Costa – já o aqui escrevemos – representa o corte do PS com sua história, com a sua vocação e natureza políticas e o fim do PS de Mário Soares. Basta atentar na indiferença que a morte de Mário Soares suscitou em António Costa, ao que se seguiu um enorme esquecimento repentino dos socialistas…

2.Explicaremos em melhor detalhe esta atitude do PS de Costa em próxima oportunidade, para já avencemos que António Costa é um líder com um ego gigante, com tiques autoritários (nisto é um prolongamento natural de José Sócrates) e sempre foi um adversário, mais ou menos declarado, de Mário Soares.

António Costa quer ser para as próximas gerações do PS o que Mário Soares foi para várias no passado – e não admite rivalidades, nem concorrências ainda que apenas históricas. Os socialistas perceberão um dia o erro que cometeram ao apoiar, por acção ou por omissão, António Costa para líder e sobretudo para Primeiro-Ministro nos termos em que chegou.

3.O que interessa é que foi o PS de António Costa – face ao silêncio cúmplice dos seus militantes, incluindo os tidos como mais responsáveis – que patrocinou a tomada de poder pela extrema-esquerda.

Extrema-esquerda, essa, que ainda está parada (e pretende continuar parada) no tempo, algures entre o Maio de 68 e o colapso da União Soviética, no final do século passado. Todos sabemos que quem está agarrado ao passado, não pode ser solução para o nosso futuro.

E não é curioso notar que o Primeiro-Ministro mais próximo (ou se quisermos, para os mais puristas, o chefe de Governo , porque na altura, chamava-se Presidente do Conselho) das ideias do Partido Comunista Português tenha sido António de Oliveira Salazar?

E não é tão curioso quanto preocupante que o Bloco de Esquerda apoiaria, sem dificuldades, o “companhaeiro “ Vasco Gonçalves e a sua política de nacionalizações e de terrorismo social?

Mais: o chamado “Novo PS” de João Galamba e restantes “jovens gregos” apoiaria Vasco Gonçalves e estaria ao lado da extrema-esquerda durante o PREC? Como foi possível esta gente chegar ao Governo depois de um “golpe palaciano” montado por António Costa, Francisco Louçã, com a anuência posterior de Jerónimo de Sousa?

4.Pois bem, foi precisamente nesse contexto que as forças políticas anti-democráticas, avessas a todas as liberdades (excepto a liberdade de morrer, a liberdade de abortar e a liberdade sexual, ou melhor, liberdade sexual gay, porque a outra é sexista), cujo único objectivo é tomar conta do aparelho do Estado para aterrorizar, para chantagear e para intimidar os cidadãos, bem como para distribuir os tão burgueses “tachos” da República (vide Francisco Louçã) – chegaram ao poder.

Dominam o poder.

O Poder político, pois António Costa tem que negociar permanentemente a manutenção do seu sonho de infância – e o poder mediático, pois a comunicação social é cúmplice da extrema-esquerda e do extremo-PS.

Quer por simpatia com os ideias políticos extremistas que negam as mais básicas das liberdades; quer por medo de desafiar o poder imenso da extrema-esquerda. Ontem mesmo, um jornalista muito conhecido da nossa praça me confidenciou que criticar António Costa implica um preço muito caro a pagar. Mais vale optar pelo silêncio expectante…

5.Assim se chega facilmente ao episódio gravíssimo ocorrido na Universidade Nova de Lisboa, em que um grupo de estudantes impediu a realização de uma conferência de Jaime Nogueira Pinto sobre política internacional. Evidentemente, este grupo de estudantes pertence ao Bloco de Esquerda e à JS (que novidade!) – aliás, estas duas juventudes partidárias há muito que vivem em união de facto, a preparar o casamento e uma memorável lua de mel.

Claro que há nesta atitude um lado provinciano de mimetismo da extrema-esquerda portuguesa à esquerda intolerante (e cada vez mais minoritária) norte-americana : os nossos bloquistas viram na televisão uma manifestação anti-Trump, acharam “uma cena tipo bué da fixe, bué da cool, uma loucura, mano, estás a ver?” – e resolveram oferecer-nos aqui, neste país à beira mar plantado, uma pequena reprodução de violência como método eficaz de silenciar as opiniões com as quais não concordamos.

Só faltou mesmo os cartazes com a palavra “Resistance”, “We Resist”, “Pig: back to the Russians!” – e talvez os nossos bloquistas e jovens socialistas mais radicais pudessem aspirar a um Óscar (sim, caríssima leitora e leitor, o Bloco de Esquerda já aceita os capitalistas Óscares , desde que Francisco Louça usa gravata e é administrador do Banco de Portugal!). Para a próxima, convidem também a Rosie O’ Donnell…

6.Para além desta imitação tonta, há uma outra razão explicativa, mais profunda e preocupante: este tipo de atitude só acontece porque há um cadinho político e cultural na actualidade que legitima qualquer atropelo e intolerância à opinião diversa.

Cadinho que é explicado pela captura de poder pelas forças da extrema-esquerda e do extremo-PS – os portugueses ainda não têm noção da dimensão do domínio que os partidos da geringonça, no espaço de um ano e meio, já alcançaram na Administração Pública.

É impressionante! Sem qualquer denúncia, sem qualquer surpresa, sem qualquer perplexidade daqueles que deveriam denunciar estas situações.

Quando, por exemplo, nós vemos editoriais de dois jornais diários a dizer que as opiniões livres são o inimigo da democracia, que os comentadores e cronistas deveriam ser sancionados, afastados, talvez presos e que a opinião e calúnia cada vez mais se confundem – então temos o ambiente perfeito para que atitudes como as que se verificaram na Universidade Nova se repliquem.

Claro que é curioso notar que quem escreve isto, já foi assessor de Ministros e personalidades pouco recomendáveis do PS – mas apresenta-se como jornalista imparcial e independente. Pois…

7.Pior: a falta de coragem para denunciar e criticar estas atitudes (seja qual for a força política que as promova!) vai criar um ambiente de medo, de insegurança, que levará as pessoas a calarem-se, a não convidar personalidades não queridas pelo poder político “totalitarizante”, enfim, a consolidar de vez o poder absoluto da esquerda.

8.Quem diria que, em 2017, Portugal seria governado pela ala radical do PS, por comunistas e trotskistas? E  com a anuência e apoio de um Presidente que é óptimo a tirar fotos, mas que se esquece que lhe cabe cumprir a Constituição e defender a liberdade de todos os portugueses?

E que, apesar de tudo comentar, nem uma palavra sobre o boicote à conferência de Jaime Nogueira Pinto, numa Universidade do Estado português!

Então, mas Marcelo Rebelo de Sousa não era o Presidente da “descrispação”? Não foi Marcelo que disse, em entrevista em Janeiro, que o país já não estava “crispado”, que “já não dois países, um contra o outro”?

Não há, Marcelo? A sério?

10.A não ser que o Presidente Marcelo só queira uma sociedade “descripsada” à altura das suas conveniências – ou seja, o PSD e o CDS calados e a esquerda a governar e a colonizar o Estado…

11. Portugal é hoje um país capturado pela esquerda radical. Por comunistas, bloquistas e extremo-PS. Urge recuperar o exemplo e a coragem de Mário Soares: há que denunciar e combater o “Portugal Amordaçado” em que vivemos.