António Ramalho: “Queremos capturar o máximo de aproveitamento de talento feminino”

Novo Banco lança #NB Equal Gender, programa que quer garantir um maior equilíbrio e tem como base o princípio da meritocracia.

António Ramalho: “Queremos capturar o máximo de aproveitamento de talento feminino”

O Novo Banco (NB) lançou esta semana um programa de igualdade do género. O #NB Equal Gender tem como objetivo “garantir um maior equilíbrio em linha com a base de clientes, o talento disponível e um princípio de meritocracia”.

Este programa tem razão de ser “porque 30 anos depois do equilíbrio entre homens e mulheres nas universidades portuguesas é essencial que esta se apresente também nas empresas”, diz o CEO do NB ao i. De acordo com António Ramalho, “esta desigualdade é um sinal de dificuldades que têm de se ultrapassar” que resultam de uma “cultura empresarial que tem vindo a mudar de forma a tornar as empresas mais inclusivas perante a sociedade”.

Sub-representação

Na instituição financeira já existe “paridade de género no número total de colaboradores, verificando-se até uma superioridade numérica de colaboradoras mulheres na faixa etária até aos 45 anos”.

No entanto, revela o NB, “o género feminino mantém-se subrepresentado em funções de desempenho de nível superior, tais como quadros diretivos e funções de chefia”. De acordo com o banco, “31,8% dos quadros directivos” são mulheres mas nas “chefias abaixo de 40 anos as mulheres ocupam 55% dos lugares”.

O propósito de a instituição atingir um papel de referência neste domínio com  o #NB Equal Gender assume, já este ano, o compromisso de ter duas mulheres nos sete lugares do Conselho de Administração. “A nova Comissão Executiva aguarda aprovação do BCE e terá duas mulheres em sete membros”, lembra António Ramalho, acrescentando que o valor “ainda não é particularmente igualitário” mas que ainda assim representa um peso de 28% e que acontecerá pela primeira vez na banca portuguesa.

O programa tem ainda o objetivo concreto de a nível dos quadros directivos “passar o peso do género subrepresentado dos atuais 32% para 40% em 2020” e ao “nível de coordenação de Departamentos – 9 em 39 são hoje mulheres (23,6%) – aumentar para 33% a representatividade este nível, até 2020”.

Assim, para o total de quadros diretivos no NB, o aumento do género sub-representado tem como objetivo os 35% em 2018 e os 40% em 2020.  “Este programa diferencia-se dos outros que não têm quantificações e este programa quantifica”, realça o responsável ao i.

Equilíbrio profissional e familiar

A instituição financeira lançou ainda um “Programa Work & Life”. Aqui, diz António Ramalho, o objetivo é “evitar os obstáculos que se colocam na “conciliação entre vida profissional e pessoal” e dá o exemplo da “maternidade como obstáculo ao crescimento da carreira”, o que na sua opinião é “um desperdício de talento evidente”.

“Nós somos egoístas. Queremos capturar o máximo de aproveitamento de talento feminino”, resume o CEO do Novo Banco, ao mesmo tenpo que lembra que “o valor mais alto é a meritocracia”.

O Novo Banco revela ainda que este mês vai começar um ciclo de conversas sobre a Igualdade de Género, “protagonizado por colaboradores de ambos os géneros e o presidente do Conselho de Administração”. A instituição financeira vai promover até ao final de maio a primeira conferência anual sobre o tema, designada por “NB Equal Gender Day”.

Uma outra iniciativa do banco é a obrigação dos processos de sucessão – preparação de três pessoas por cada quadro de topo – ser obrigatoriamente preenchido pelos dois géneros.

Segundo António Ramalho, este “princípio da substituição” defende que “altos quadros devem ter sucessores identificados” de forma a que possam “preencher” os cargos com competência, seja por homens ou por mulheres.