Petróleo abaixo dos 50 dólares

Pela primeira vez em 2017 o preço do barril de petróleo baixou dos 50 dólares. A queda do preço – mais de 5% – está a ser pressionada pela subida das reservas dos EUA e pela dúvidas em relaão ao corte mundial de produção.

O Departamento de Energia norte-americano revelou que as reservas de crude dos EUA aumentaram em 8,21 milhões de barris na semana passada para um total de 528,4 milhões de barris, o nível mais elevado desde 1982.

Esta subida, quatro vezes superior ao antecipado pelos analistas, resultou quer de um aumento da produção, quer do armazenamento. Segundo a agência Bloomberg, de acordo mais de metade do aumento da produção foi na Costa Oeste, uma zona com um sistema de distribuição isolado do resto do país.

Um analista do mercado citado pela agência AFP afirma que o relatório foi a “gota de água” no reavivar das preocupações sobre um excesso de oferta global e sobre a crescente dúvida do papel da Rússia no corte de produção acordado entre os países membros e não membros da OPEP.

No final de novembro de 2016 os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) chegaram a um acordo para reduzir a produção em 1,2 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) durante seis meses. Os países produtores que estão fora do cartel, entre os quais a Rússia, juntaram-se ao entendimento para cortar a produção de mais 600 mil bpd.

O objetivo era fazer subir o preço do petróleo, que desde meados de 2014, estava em baixo. Ao início o propósito foi alcançado, mas a tendência tem vindo a inverter-se.

 “É claro que os produtores dos EUA estão a avançar para o espaço deixado pelo corte de produção da OPEP”, disse um outro analista à agência Bloomberg. “Caso os preços do petróleo recuem para perto dos 40 dólares, a minha expetativa é que o acordo da OPEP se desfaça”, acrescenta.

Já esta semana o ministro do petróleo da Arábia Saudita tinha admitido que os inventários globais estão a descer a um ritmo mais lento do que o esperado. Khalid Al-Falih abriu a possibilidade de uma extensão dos cortes na produção além dos seis meses inicialmente apontados. 

No entanto, um outro analista do mercado considera que há também receios que muito do fardo da redução caiba aos países da OPEP, nomeadamente o principal produtor mundial, a Arábia Saudita. Se os sauditas “perderam a paciência, o petróleo – e os objetivos – vão ao ar,” avisou.