Passos Coelho está a cair na armadilha de António Costa

O último debate quinzenal, na Assembleia da República, veio confirmar que o país “descrispado”, unido no essencial, do pós-tensões das eleições legislativas que Marcelo Rebelo de Sousa quer vender-nos com mestria (com o acriticismo dos media do politicamente correcto) – não passa de uma mentira que por se repetir tantas vezes se julga poder converter-se…

1.O último debate quinzenal, na Assembleia da República, veio confirmar que o país “descrispado”, unido no essencial, do pós-tensões das eleições legislativas que Marcelo Rebelo de Sousa quer vender-nos com mestria (com o acriticismo dos media do politicamente correcto) – não passa de uma mentira que por se repetir tantas vezes se julga poder converter-se em verdade.

2.A verdade, essa, é muito simples: vivemos um período único na nossa história constitucional com um Governo composto informalmente pela extrema-esquerda, cujo único fim é a tomada de poder do aparelho do Estado (ou seja, daquela estrutura que deveria estar ao serviço do Povo português) – e uma oposição que ganhou as últimas eleições legislativas e que tem como líder o ex-Primeiro-Ministro.

As figuras cimeiras da anterior experiência governativa encontram-se, ainda, praticamente todas na bancada de PSD e CDS – o que tem sido objectivamente um trunfo político (o maior? O único?) para António Costa.

3.Com efeito, para além das críticas que se poderão formular acerca do estilo e da elegância oratória do debate parlamentar (quer adoptada pelos socialistas, quer por sociais-democratas), o problema de fundo é outro: é o PSD de Passos Coelho estar perigosamente a deixar-se condicionar pelas habilidades tácticas de António Costa.

3.1.Vejamos o exemplo do último debate parlamentar. Em vez de se discutir a falta de rumo da geringonça, a política irresponsável do Governo de PCP e BE encabeçado pelo extremo-PS, as mentiras compulsivas de António Costa – o que ficou foi o “bate-boca” entre António Costa e Passos Coelho. Quem ganha com este jogo? Claramente, António Costa. Porquê? Fácil.

3.2. Para António Costa, discutir com Passos Coelho questões de carácter, de “boa educação” (sim, toda a gente é muito bem educada na esquerda portuguesa, claro…), a maior ou menor agressividade em determinada resposta, é o ideal.

Desta forma, queima tempo de debate, controla o que a comunicação social passará mais tarde – e não fala de política. Não falar de política – eis o sonho de António Costa: não falando de política, os impasses da sua solução governativa continuam escondidos.

Costa, assim, não se compromete com nada, nem com ninguém – vai preenchendo o tempo, dia após dia, até 2019, sem suscitar querelas indesejadas. E Passos Coelho, ao prolongar este tipo de debate, está objectivamente a fazer um favor a Costa…

3.3. Em segundo lugar, um debate cheio de acusações pessoais entre António Costa e Passos Coelho é um presente para a geringonça, endereçado também a Catarina Martins e a Jerónimo de Sousa. Porquê? Porque a discussão fica centrada no passado – e não no futuro.

Ora, discutir o passado recente – aquele passado em que Passos Coelho era Primeiro-Ministro – é permitir a Jerónimo e a Catarina que façam uns figurões junto dos respectivos eleitorados e militantes. É a forma de comunistas e trotskistas animarem a sua malta mais descrente face à actual colagem ao Governo socialista de António Costa.

4.Além disso (mas não menos importante), a evocação permanente (ou tão-só repetida) do passado é cimentar ainda mais a relação entre os três partidos que compõem o Governo geringonçado – é que, ao contrário do que a imprensa politicamente correcta, que serve os interesses do PS quer vender, não há nenhuma ideia para Portugal que una PS, BE e PCP (por ordem de força eleitoral) – é apenas a rejeição de Passos Coelho e do centro-direita que sustém a solução governativa que infelizmente tomou o controlo de Portugal.

5.A geringonça não se faz a favor de nada, nem ninguém ; fez-se, somente, contra o PSD, contra o CDS e, em especial, contra Pedro Passos Coelho. O ódio a Pedro Passos Coelho é o que une os partidos da geringonça –e Marcelo Rebelo de Sousa à geringonça. 

O que é muito triste: num período crónico da nossa história como Pátria e como Nação, temos um Governo unido pela negativa (pelo que não querem) – e não um Governo unido pela positiva (pelo que querem para o país).

Se não fosse o ódio a Passos Coelho, a geringonça não aguentava nem mais um dia.

6. E não é irónico que, mesmo já não sendo Primeiro-Ministro, seja Passos Coelho a figura política de referência no actual quadro partidário português? Ou porque é admirado por uma parte do país – ou porque motiva o ódio congregador de outra parte dos portugueses…E esta, hein?

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