Não ao convite para Sharapova em Roland Garros

Deverá Maria Sharapova receber um convite para jogar Roland Garros em maio?

O tema gerou polémica nas últimas semanas, depois de Bernard Giudicelli, o presidente da Federação Francesa de Ténis, ter dito ao L’Équipe: «Não podemos investir um milhão e meio de euros na luta contra o doping e depois convidar uma jogadora penalizada pelo consumo de uma substância proibida».

A antiga n.º1 mundial acusou Meldonium no Open da Austrália de 2016, duas semanas depois do produto ter passado para a lista de proibições da Federação Internacional de Ténis (ITF).

A russa alegou não ter lido o e-mail que recebeu da ITF em dezembro de 2015, mas admitiu consumir Meldonium durante uma década quando ainda era legal.

Esteve suspensa 15 meses e regressa este mês à competição em Estugarda sem qualquer ponto no ranking mundial.
Para somar pontos, necessitará de convites. É óbvio que todos os promotores desejam uma das maiores divas de sempre da modalidade, campeã de todos os torneios do Grand Slam.

Estugarda, Madrid e Roma são alguns dos muitos torneios que convidaram a ‘sereia da Sibéria’, residente na Florida.
Mas se estes wild cards não provocaram celeuma, já Roland Garros, que ela venceu por duas vezes, é diferente, por ser um dos baluartes do ténis.

Andy Roddick, antigo n.º1 mundial e amigo de Sharapova, foi quem melhor analisou a situação, em declarações ao site da ESPN: «Há duas questões, a da moralidade e a do negócio. Se um evento mais pequeno beneficia por ter a Maria, não vejo porque não darem-lhe um convite. Os torneios do Grand Slam são diferentes e devem pugnar por valores mais elevados».
Andy Murray e Nick Kyrgios manifestaram-se contra e outros, como Roger Federer, optaram pelo ‘nim’.

Aprecio Sharapova, não pelas razões óbvias da sua beleza, mas pelas suas enormes qualidades de jogadora e de empresária. Espero sinceramente que volte aos lugares cimeiros do ténis, pois faz falta.
No entanto, sou totalmente contra que lhe atribuam convites em torneios do Grand Slam. Já nos outros eventos, sou favorável.

O circuito mundial deve passar a mensagem de que a reabilitação é possível, mas os Majors são as fundações da modalidade e têm de mostrar que não favorecem quem foi suspenso por doping.

E há outra questão vital para a defesa dos sãos valores desportivos: Se não me custa que, devido ao negócio, determinadas estrelas, pelo seu estatuto, possam ser mais importantes do que a maioria dos torneios, já pelo contrário defendo que ninguém é – nem deve pensar que é – maior do que os Majors.