Brasil. Guarda-redes condenado por homicídio apresenta-se no novo clube “escoltado” pela Polícia Militar

Contratação de Bruno, de 32 anos, fez o Boa Esporte, da Série B, perder cinco patrocinadores

Agora é oficial: Bruno está de volta ao futebol. Aos 32 anos, o guarda-redes brasileiro, condenado a 22 anos e três meses de prisão em 2013 pela morte e ocultação de cadáver da namorada, Eliza Samudio, três anos antes, foi esta terça-feira apresentado como reforço do Boa Esporte. E a chegada ao centro de treinos, após a apresentação à Imprensa, não primou pela discrição: o carro do guardião foi "escoltado" por uma viatura com dois agentes da Polícia Militar, numa medida justificada como unicamente de prevenção.

Os dois militares ficaram à porta do centro de treinos do Boa Esporte durante 25 minutos, enquanto Bruno fazia exercícios de alongamentos, acabando depois por deixar o local. "Temos um bom relacionamento com o Boa e entendemos que poderia haver alguma manifestação, algum tumulto. Por isso viemos. Mas não foi uma escolta”, disse o tenente Barros, citado pelo site da renomada revista "Veja".

A contratação de Bruno pelo Boa Esporte causou enorme polémica no Brasil – cinco patrocinadores rasgaram mesmo os contratos com a equipa da Série B. Bruno, recorde-se, recebeu habeas corpus da justiça brasileira no final de fevereiro e fica em liberdade enquanto o recurso contra a condenação não entrar em julgado.

Na apresentação aos jornalistas, Bruno (que assinou por duas temporadas) recusou-se a responder a questões extra futebol – e houve várias, desde se o guardião se achava merecedor de voltar a vestir uma camisola de futebol depois de cometer um crime tão bárbaro a considerar-se um exemplo… para as crianças. "As pessoas fogem de mim pelo que aconteceu no passado. O Boa está a abrir as portas", referiu apenas o guarda-redes, que não joga desde 2010, quando representava o Flamengo e era visto como um dos melhores da sua posição no Brasil.

Sempre de sorriso amarelo, Bruno revelou ainda sonhar em chegar à seleção brasileira – "Um dia sonhei estar aqui de volta e estou" -, garantiu estar a ser bem recebido pela população de Varginha e acabou por citar o exemplo de um antigo internacional brasileiro (Edmundo, conhecido como o Animal pela postura intratável dentro e fora do campo) quando questionado sobre como irá lidar com os gritos de "assassino" que surgirão dos adeptos adversários. "Há outros exemplos, eu não sou o primeiro. O Edmundo passou a carreira toda enfrentando isso, cantores e outras pessoas públicas superaram isso. Mas o pior já passou. Se não estiver preparado para essa pressão, posso levantar daqui e ir embora”, sentenciou. Recorde-se que Edmundo foi condenado por homicídio culposo (sem intenção de matar) após bater com o carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, em 1995. No acidente, três pessoas morreram. Neste caso, Bruno foi condenado por homicídio triplamente qualificado,