Austrália vai proibir crianças sem vacinas em dia de irem à creche

Medida visa combater movimento anti-vacinação. Em Portugal há 4000 crianças anualmente que não são vacinadas

O primeiro ministro australiano Malcolm Turnbull anunciou que as creches nacionais vão deixar de admitir crianças que não tenham os boletins de vacinas em dia. Atualmente, o país tem uma cobertura vacinal de 93% mas o governante quer aumentar a adesão às vacinas e prevenir surtos de sarampo ou rubéola. 

Não é a primeira vez que a Austrália aperta o cerco aos movimentos anti-vacinação ou ao simples desleixo dos pais. Alguns estados já adotaram restrições e desde 2015 que o Estado cortou os incentivos fiscais associados à paternidade a famílias que recusavam que as crianças fizessem as vacinas, o que levou perto de 200 mil crianças a serem vacinadas. “Isto não é um exercício teórico, é uma questão de vida ou morte”, disse o primeiro-ministro.

Em Portugal estima-se que, anualmente, fiquem por vacinar 4000 crianças. A Direção Geral da Saúde não considera que exista um movimento anti-vacinação significativo no país, mas tem alertado para a importância de cumprir o calendário de vacinação e para a chamada proteção de grupo – quanto maior for a cobertura vacinal, menor é o risco de surgirem surtos de doenças como sarampo, que nos últimos anos tornaram a ser mais frequentes na Europa.

Segundo os últimos dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde, no final de 2015 cerca de 95% das crianças com 1, 2, 7 e 14 anos de idade em 2015 tinham o Programa Nacional de Vacinação cumprido para cada vacina avaliada.

Das crianças com 8 a 18 anos de idade em 2015, 95% a 98% estavam vacinadas com 2 doses da vacina contra sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR 2), cumprindo-se um dos objetivos do Programa Nacional de Eliminação do Sarampo e os requisitos da Organização Mundial de Saúde relativos à eliminação do sarampo e da rubéola.

A vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano de 4 genótipos (HPV4) foi introduzida no PNV em 2008 em raparigas de 13 anos de idade, complementada com uma campanha que decorreu entre 2009 e 2011, destinada a raparigas de 17 anos de idade.

Como resultado destas medidas, 84% a 92% das raparigas com idades entre os 15 e os 23 anos, estavam vacinadas com o esquema de 3 doses da vacina HPV4. "Estes valores são exemplares a nível mundial", disse no mês passado a Direção-Geral da Saúde.