Surf. Do príncipe de Portugal ao início da aventura em mar luso

Enquanto Kikas mantém a esperança portuguesa na crista das ondas de Gold Coast, em Portugal também já se faz a contagem decrescente para a Liga MEO Surf 2017. Tiago Pires já confirmou a sua presença

“Next Call”, “Next Call”, “Next Call”; o arranque da etapa inaugural, das onze que integram o circuito mundial de surf, a decorrer na Gold Coast, na Austrália, que conta com a presença de Frederico Morais entre os melhores surfistas do planeta foi adiado por falta de condições. “Há muito vento, um período curto, portanto, as condições não são as ideais. Voltaremos a reavaliar as condições”, explicou Kieren Perrow, o Comissário da WSL (World Surf League), no dia 14 de março, primeiro dia de espera do evento. Enquanto Kikas não é chamado para dentro de água, o que poderá ainda acontecer durante esta quarta-feira já depois do fecho da edição do i caso não haja novos impedimentos, para defrontar o surfista australiano Adrian Buchan e o brasileiro Filipe Toledo no heat 10, o surfista cascalense revelou o significado do número 25 que escolheu para usar na licra ao longo desta nova aventura. “O 25 representa a soma dos números da minha data de nascimento (3/1/1992), a idade com que me estreio no World Championship Tour (WCT) e o dia de aniversário do meu pai, o homem por trás desta grande conquista. É por tudo isto que será com este número nas costas que representarei Portugal com o maior orgulho e empenho”, escreveu o segundo português a integrar a elite mundial de surf, depois de Tiago Pires, nas redes sociais.

Com a estreia adiada, não são só as aptidões de Kikas para a modalidade, que vai mostrando em sessões de free surf, que dão que falar. A beleza do português, associada naturalmente ao talento do jovem, foi considerada “mais uma razão para não perder este campeonato mundial de surf”, segundo a imprensa especializada que considerou Kikas “o novo príncipe de Portugal”.

O surfista de 25 anos, que apanhou a primeira onda quando tinha apenas seis, confessou em entrevista ao i, momentos antes de viajar para a Austrália para “cumprir um sonho”, que deve “ao pai ter chegado a este nível” e que no fim de 2017 espera poder dizer “aqui vamos nós para o segundo ano do World Tour”.

A primeira etapa está programada para terminar no dia 25 de março.

Em mar português

Enquanto Frederico Morais não chega a Peniche, penúltima etapa do World Tour, em outubro, o surf em mar luso está entregue à Liga MEO Surf 2017. Apresentada esta terça-feira no Museu do Desporto, em Lisboa, são muitas as novidades em relação à edição do ano passado, que sagrou Pedro Henrique e Carol Henrique campeões nacionais.

Com início marcado para o próximo dia 24 de março na Ericeira, Tiago ‘Saca’ Pires, um dos surfistas presentes na conferência de apresentação da Liga, garantiu que irá disputar a primeira etapa do campeonato de surf português. O novo mentor de Vasco Ribeiro não confirmou, no entanto, se será presença assídua ao longo da competição, decisão que irá anunciar no decorrer do circuito.

Regresso ainda da Figueira da Foz ao calendário da Liga, local escolhido pela última vez em 2012, que acresce às tradicionais etapas da Ericeira, Porto, Matosinhos, Sintra e Cascais [ver infografia]. Além do local, destaque para a atribuição do wildcard a um dos surfistas nacionais que poderá, desta forma, juntar-se a Frederico Morais na etapa portuguesa do World Tour -MEO Rip Curl Pro Portugal em Peniche. Este será o nono ano consecutivo que a praia dos Supertubos é palco de uma etapa do circuito mundial, a penúltima antes do Billabong Pipe Masters, disputado nos mares do Hawai. Os pormenores sobre como decorrerá o processo de entrega do tão desejado convite ainda não está totalmente decidido, mas por enquanto a Associação Nacional de Surfistas (ANS) adiantou que será através de uma prova a realizar depois da quinta e última etapa da Liga. Uma coisa é certa: passarão a haver dois representantes lusos em Peniche já que Kikas está obviamente garantido enquanto membro do circuito mundial. Uma estreia absoluta depois de ter estado três anos a entrar nas ondas lusas como wildcard (em que chegou a eliminar Kelly Slater na primeira oportunidade). “Foi um dia inacreditável. Sabia que ou ganhava ao melhor do mundo ou perdia para o melhor do mundo. Não havia grande risco, só tinha de estar preocupado comigo mesmo e não com ele, não podia depender disso, podia sim focar-me no que poderia dar e foi o que fiz”, relembrou na mesma entrevista concedida ao i.

Aumento dos prémios monetários

De regresso à competição nacional, um dos ‘upgrades’ da Liga é o aumento da premiação aos surfistas, um incremento de 11% comparativamente a 2016, que será agora de 90.000 euros. Os valores em causa estão divididos por várias categorias: a Allianz Triple Crown envolve, novamente, um cheque anual de 6.000 euros, repartido entre os vencedores do plano masculino e feminino assim como também se mantém o valor de 2.500 euros atribuído à melhor manobra. Aos velhos prémios conhecidos juntam-se a premiação da melhor onda por etapa (2.500 euros anuais) e os 1.500 euros destinados ao melhor e à melhor surfista local em cada uma das suas provas.

“Não podíamos estar mais contentes. Se no final do ano passado, um dos surfistas mais carismáticos da Liga, Frederico Morais, celebrou o seu sonho ao qualificar-se para a elite do surf mundial, em 2017, só podíamos voltar ainda mais fortes”, adiantou Francisco Rodrigues, Presidente da Associação Nacional de Surfistas.