PSD Porto em clima de guerra por causa das autárquicas

A cinco dias do fim do prazo dado pela direção nacional, estão por definir os candidatos de Matosinhos, Felgueiras, Valongo e Paredes.

A distrital do Porto do PSD tem pelo menos três concelhias com candidatos autárquicos por definir por causa de guerras internas. Matosinhos, Felgueiras, Valongo e Paredes estão ainda sem candidato a cinco dias do prazo dado pela direção nacional do partido para fechar o processo da definição das candidaturas para as autárquicas.

“Parece que há pessoas que não se importam que o partido ganhe nesses concelhos”, comenta o líder da distrital social-democrata de Matosinhos, que diz não entender o que está a atrasar a definição do candidato no seu concelho, depois de Joaquim Jorge ter sido aprovado no sábado passado.

O i sabe que a distrital do Porto, liderada por Bragança Fernandes, está a pôr em causa a existência de quorum na reunião da concelhia que aprovou o candidato, uma vez que os sete elementos que tinham votado contra o nome de Joaquim Jorge saíram da sala no momento em que António José Barbosa resolveu usar o seu voto de qualidade para resolver um impasse.

Era a segunda vez que a votação acabava num empate. A primeira vez ficou oito/oito, na quinta-feira passada. No sábado, com dois elementos ausentes, a votação ficou nos sete/sete. Para ultrapassar a questão, António José Barbosa usou o seu voto de qualidade.

O líder da concelhia assegura que agiu sustentado pelo “parecer de quatro juristas” e em “cumprimento do Código de Procedimento Administrativo”. E não aceita o argumento da falta de quorum.

“O quorum verifica-se no início das reuniões. No sábado estavam presentes 14 dos 16 membros da concelhia”, explica ao i António José Barbosa, que assegura ter respeitado todas as regras e ter remetido à distrital a ata “aprovada e assinada” da reunião que elegeu Joaquim Jorge esta segunda-feira.

António José Barbosa diz, por isso, que agora resta à concelhia aguardar pela validação de uma decisão que considera válida. “Vou aguardar”, garante ao i, afirmando estranhar o que se está a passar.

“Estranho muito tudo isto”, comenta o líder da concelhia, que garante nunca lhe ter sido apresentado outro nome alternativo a Joaquim Jorge, apesar de nos jornais terem surgido nomes como os de Vítor Baía, João Loureiro, Virgílio Macedo e Bragança Fernandes como hipóteses do PSD para Matosinhos.

“Perguntei em várias reuniões se alguém tinha um nome alternativo ao de Joaquim Jorge para submeter a votação”, conta, garantindo que a resposta foi sempre negativa. “Tenho tido sempre uma atitude de abertura de diálogo, mas não há alternativas”.

Sem referir nomes, Barbosa fala mesmo em “terrorismo político” para qualificar a forma como “pessoas que há dez anos comandam a distrital” do Porto estão a dificultar a indicação do nome de Joaquim Jorge.

De resto, António José Barbosa explica a resistência – que nunca lhe foi transmitida diretamente – ao nome de Joaquim Jorge com o facto de ser um independente.

“É um independente que ia tirar lugares aos boys dos partidos e tem um pensamento independente que não seria fácil de comandar”, analisa o líder da concelhia, que diz que Joaquim Jorge é a sua “primeira e única escolha” e aquela que “melhor defende os interesses do partido”. Para já e depois de ter posto a hipótese de se retirar da corrida, Joaquim Jorge diz apenas esperar pela decisão da distrital social-democrata do Porto.“Ponderei retirar-me. Mas por respeito às pessoas que me apoiam, vou até ao fim. Quero ver o que a distrital decide”, afirma ao i.