Chegou, viu e venceu. É o Kikas!

Frederico Morais teve estreia de sonho no World Tour, que está a decorrer na Gold Coast, Austrália, ao conquistar o primeiro lugar do heat

Tinha apenas seis anos quando, através de uma carta enviada para uma revista especializada na modalidade, avisou que ainda iríamos falar muito dele. Como tinha razão! Depois do adiamento do arranque da primeira etapa do World Championship Tour (WCT), devido à falta de condições, a chamada para a água aconteceu na madrugada desta quinta-feira. Com o relógio a marcar 2 horas e 30 minutos (em Lisboa) chegava a sua vez, a vez do jovem português se estrear no circuito mundial. E o surfista cascalense lá foi, com o 25 na licra, um número cheio de significado, como o i explicou ontem e poderá relembrar na opinião de Francisco Simões Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS) [caixa à direita].

A missão de Frederico estava longe de ser fácil. No heat 10, juntamente com o surfista australiano Adrian Buchan (que atingiu os quartos de final na última temporada) e o brasileiro Filipe Toledo (semi-finalista vencido de 2016), chegara o momento com que Kikas “sempre sonhou” e sobretudo “um objetivo” para o qual trabalhou arduamente nos últimos sete anos.

Na primeira onda, Kikas viria a registar a melhor pontuação da bateria, com 8.73, à qual somaria um 6.97 da segunda. Contas feitas, 15.70 para o único português em competição entre os melhores surfistas do planeta. Resultado: o surfista de Cascais não só alcançou o primeiro lugar do heat como o apuramento direto para a terceira ronda do Quiksilver e Roxy Pro Gold Coast como foi ainda o único surfista entre os rookies – atletas que competem pela primeira vez a nível profissional – a passar a bateria no topo.

Mas como já foi referido, a missão estava longe de ser fácil e… não foi. Para quem não teve a oportunidade de assistir, só justificável pelo adiantamento da hora, foram vinte e seis minutos de uma bateria muito equilibrada e com tudo em aberto até à buzina final.

Filipinho, diga-se, bem tentou, com a útima pressão a surgir já com a buzina, a indicar o final da bateria, como som de fundo. Com duas ondas na casa dos sete pontos, 7.60 + 7.50, terminou em segundo lugar, com 15.10 pontos. Em último o surfista da casa, Buchan, com um total de 13.43, resultantes da soma dos 7.43 e dos 6.0 pontos registados nas duas ondas. Toledo e Bunchan estão agora de braço dado na ronda 2, leia-se, ronda das repescagens, onde vão defrontar os surfistas Ezekiel Lau (Havai) e Jeremy Flores (França), respetivamente.

“Sabia que ia ser muito difícil contra o Filipe e o Adrian, mas tentei concentrar-me no meu surf, tentei divertir-me. Na última onda arrisquei, tinha de ser ali porque era a última oportunidade. Acredito que vai ser um grande ano, trabalhei toda a minha vida para isto”, reforçou Kikas já na areia e com uma estreia de sonho no circuito mundial, nos mares da Austrália.

Por enquanto ainda não são conhecidos os adversários de Frederico Morais para a terceira ronda desta etapa, a primeira das onze que constituem o circuito mundial, que se estende até dia 25 de março na Gold Coast.