Mexicanos piscam o olho a Portugal

A Comissão Europeia e o Governo mexicano prepraram-se para relançar as relações económicas. Nesta aposta, Portugal tem tudo a ganhar por ser considerado parceiro estratégico. 

Quebrar o acordo comercial entre os EUA e o México foi desde cedo uma das ameaças do presidente norte-americano, Donald Trump. Aconteça ou não, a ameaça já começou a produzir efeitos. Iniciaram-se negociações entre Bruxelas e o Governo mexicano para que sejam relançadas as relações económicas entre os dois blocos. A iniciativa é boa para Portugal, já que o «efeito Trump» vai trazer empresas mexicanas a Lisboa já em setembro.

De acordo com Alfredo Pérez Bravo, embaixador do México em Portugal, quando os analistas e os comentadores começaram a desenhar um cenário negro em torno dos efeitos que a nova presidência norte-americana poderia ter no mundo e, em particular, no México, muitos empresários acabaram por ficar receosos com o que poderia estar para vir. No entanto, «as águas tem estado a acalmar. Fomos obrigados a avaliar tudo e somos um grande país». Mas a avaliação trouxe ainda um motor de arranque para o que deve ser o futuro: «Trabalho há 41 anos em relações exteriores e sempre ouvi dizer que o México tinha de diversificar as ligações porque estava muito focado nos EUA. Agora, o que aconteceu nas últimas semanas, mostrou que está mesmo na hora de diversificar».

E é nesta sequência que dezenas de empresas mexicanas se preparam para visitar Portugal já em setembro deste ano. Com incertezas sobre o que pode mudar no acordo comercial que une os EUA ao México e ao Canadá (NAFTA), intensificaram-se projetos para apostar em novas relações e Portugal surge em destaque com um projeto liderado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana e apoiado pelos governos dos dois países.

Para Alfredo Pérez Bravo, «Portugal, os seus empresários e os seus produtos, destacam-se como novos sócios estratégicos». Os setores que terão maior expressão são o agroalimentar, automóvel, de tratamento de resíduos, materiais de construção e consultadoria.

Acima de tudo, para o México, «Portugal surge como um ator muito importante» e estima-se que, entre 2017 e 2018, serão movimentados mais de três mil milhões de euros em projetos desta parceria.

Entretanto, no mês passado, a comissária europeia do comércio, Cecilia Malmström, e Ildefonso Guajardo, ministro da Economia mexicano, acertaram datas para negociar os termos da atualização do Acordo de Comércio Livre entre os dois blocos: a primeira ronda acontece já abril e a segunda em junho. Uma aceleração com Trump no pensamento.