Operação Marquês. Vá pelos seus dedos e tente acabar com uma investigação

Aos advogados cabe a defesa dos seus clientes e mesmo que tenham provas de que são culpados, em tribunal tudo devem fazer para os ilibar. Mas cair no  ridículo na praça pública parece um pouco demais… 

Quando se contrata um ou mais advogados pretende-se que estes usem todos os meios possíveis para ganharem a causa. Sempre foi assim e nunca mudará. Há casos em que os elementos de prova são tão evidentes que os causídicos de defesa procuram chegar a um acordo com o intuito do cliente ‘apanhar’ a pena menor possível. Mas os advogados contratados são obrigados a acreditar na inocência dos seus clientes e, por isso, jogam os tais trunfos disponíveis.

Esta semana assistimos a um desses momentos quando João Araújo e Pedro Delille deram uma conferência de imprensa que mais parecia patrocinada pelas Páginas Amarelas quando apelaram ao Ministério Público para contar pelos dedos o prazo que supostamente já estaria ultrapassado para o inquérito da Operação Marquês. “Pegando num calendário ou usando os dedos das mãos, conta-se 180 dias e chega-se ao dia 13 de março à meia-noite”, afirmou João Araújo, que se referia ao novo prazo dado pela procuradora-geral da República a 14 de Setembro do ano passado. João Araújo não quis, nem podia, como é óbvio, falar dos atos de que o seu constituinte é acusado. Apenas lhe interessou tentar pegar nalguma lacuna da investigação para a anular. Como é sabido, nos últimos tempos os investigadores têm encontrado novos dados e há muito que esperam informações de países como Angola e Suíça. 

Mas poderia João Araújo ter outro comportamento público? Claro que não, é pago para fazer tudo o que conseguir para desacreditar a investigação e, se possível, para a arquivar. Só que esses números na praça pública acabam por ter um efeito contrário. Denotam algum nervosismo e revelam que vale tudo para fugir à Justiça. Sócrates, se está inocente, deveria ser o primeiro a impedir que a sua equipa de advogados alegasse prazos legais para tentar arquivar o processo. Deveria querer, mais do que ninguém, que a Operação Marquês seja totalmente esclarecida.

Como é do conhecimento público, os casos BPN, Operação Furacão e Monte Branco – estes dois ainda longe do fim – prolongaram e muito o prazo de inquérito e ninguém alegou esse facto para anular os processos. Ninguém de bom senso defende que os inquéritos não devem ter um prazo, mas querer que uma investigação tão complexa e volumosa acabe quando interessa aos arguidos…