“Se as vítimas fossem europeias fariam manchetes”. Mais de 200 migrantes terão morrido afogados

A denúncia foi feita esta sexta-feira nas redes sociais pela ONG Proactiva Open Arms, que hoje encontrou seis corpos a boiar ao lado de duas embarcações à deriva, ao largo da Líbia. Cada barco tinha capacidade para mais de cem pessoas.

Enquanto a Europa discute as palavras do presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem e as manchetes se enchem com o ataque terroristas no Reino Unido, continua a morrer gente afogada na travessia do mediterrâneo. Segundo anunciou esta sexta-feira a ONG Proactiva Open Arms, localizada na Catalunha, mais de 200 migrantes terão morrido afogados.

 A ONG localizou e recuperou cinco corpos ao largo da Líbia, junto de dois barcos virados à deriva. Há cerca de três horas foi localizado outro corpo, subindo para seis os números de cadáveres recolhidos nas últimas 24 horas. Segundo Laura Lanuza, dirigente da Proactiva, cada barco terá a capacidade para pelo menos cem pessoas, pelo que o número de mortos ascende aos 200. A guarda costeira italiana confirmou as primeiras cinco mortes à BBC, mas não confirmou o afundamento dos barcos e diz que não recebeu qualquer pedido de ajuda.  

 “Há notícias que não que queríamos dar”, escreveu a organização sem fins lucrativos que se dedica ao salvamento e apoio aos refugiados e requerentes de asilo que tentam a travessia do Mediterrâneo na sua página de Facebook. “É certo que em cada um dos barcos viajava mais de uma centena de pessoas cujas vidas foram engolidas pela fossa comum do Mediterrâneo e a vergonha das forças políticas permite isto aconteça. Se as vítimas fossem europeias, fariam manchetes, mas são vítimas invisíveis aos seus olhos [tradução livre]”.

Segundo a BBC, os números de migrantes que tentam chegar à Europa através da Líbia “aumentaram dramaticamente” desde que o acordo entre a União Europeia e a Turquia fechou definitivamente as fronteiras deste país.

 A Organização Internacional das Migrações diz que desde o início do ano já chegaram, só a Itália, mais de 20 mil migrantes. “Ainda não chegámos ao fim de março e já estamos a atingir um ritmo de chegadas que ultrapassou tudo o que já vimos no Mediterrâneo”, disse esta semana o porta-voz da Organização Internacional das Migrações, Joel Millman, citado pela BBC.