Armando Vara. Um artista português com queda para a Justiça

Foi secretário de Estado, ministro Adjunto e vice-presidente de dois dos principais bancos portugueses. Mas é com a Justiça que tem tido os maiores embates.Condenado a cinco anos de prisão efetiva, aguarda por outro julgamento enquanto disserta sobre a CGD…

Esquecendo o que diz a Wikipédia sobre os assuntos mais escabrosos, basta apelarmos à memória para nos lembrarmos de histórias muito pouco dignificantes sobre o personagem. No que à sua vida pública diz respeito, a fama vem de longe quando um Presidente da República, Jorge Sampaio de seu nome, chamou o seu camarada de partido e primeiro-ministro em funções para lhe comunicar que não aceitava que o ministro Armando Vara se mantivesse no cargo, atendendo às embrulhadas muito pouco nobres em que se tinha envolvido na Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária que havia criado aquando da sua passagem pelo Ministério da Administração Interna. Não sei se foi a primeira vez que um Presidente da República demitiu um ministro mas a verdade é que António Guterres, para muitos uma espécie de Madre Teresa de Calcutá da política, não teve outra solução que não fosse demitir Armando Vara.

O artista em questão não desanimou com essa expulsão e acabaria por voltar à vida pública quando foi nomeado vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos, calcula-se que devido ao seu imenso historial no meio bancário. Sócrates dava a mão ao amigo e este acabaria por saltar para a vice-presidência do BCP, um banco que poucos anos antes era um exemplo para o país. 

Nos dois bancos, Vara espalhou amizades e charme e alguns empréstimos, supostamente, desastrosos para o país. O homem que gosta de dizer que é transmontano, com princípios, calcula-se, não consegue estar longe, por muito tempo, das polémicas. No processo Face Oculta foi apanhado em várias conversas suspeitas com o primeiro-ministro que um célebre procurador-geral da República entendeu por bem mandar ‘queimar’. Mas Vara acabaria por ser condenado a cinco anos de pena de prisão efetiva, da qual interpôs recurso, e agora é, de novo, arguido noutro processo: neste caso, na Operação Marquês, em que o nome mais célebre é o do seu amigo José Sócrates. Esta semana, numa Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD, Vara teve a distinta lata de afirmar que, aquando da sua passagem pela Caixa, nunca falou com José Sócrates, quando este era primeiro-ministro, sobre o tema. Vara tem uma lata do tamanho do recorde mundial da disciplina com o seu apelido. Ao pé de homens como Vara qual a importância das bocarras copofónicas de Jeroen Dijsselbloem?