Teresa Leal Coelho em Lisboa

Muito se tem escrito sobre as vantagens e desvantagens da profissionalização da política. 

Fernando Medina nasceu a 10 de Março de 1973 e nunca se candidatou a nenhuma eleição em nome próprio. Vai ser o candidato do PS à Câmara de Lisboa. 

Assunção Cristas nasceu a 28 de setembro de 1974 e é a primeira vez que encabeça uma eleição. Vai ser a candidata do CDS a Lisboa. 

Ricardo Robles nasceu a 20 de maio de 1977 e é a primeira vez que encabeça uma eleição. É o candidato do BE. 
João Ferreira, nascido a 20 de novembro de 1978, é a segunda vez que se candidata a Lisboa. É o candidato do PCP.
Destes quatro candidatos, o atual presidente, Fernando Medina, é o mais velho – acabou de fazer 44 anos – e o único que nasceu (pouco) antes do 25 de abril. Os quatro candidatos são candidatos muito novos. Talvez o conjunto mais novo de candidatos à eleição autárquica de Lisboa. 

Fernando Medina, Assunção Cristas, João Ferreira e Ricardo Robles não são barões, baronetes, senadores, oráculos, eminências, sumidades. Para além de muito novos, têm um curso superior, pouca experiência na vida civil, mas muita experiência política. São quadros políticos partidários. Na verdade, pouco fizeram fora dos partidos políticos e da vida partidária. 

Muito se tem escrito sobre as vantagens e desvantagens da profissionalização da política. Tem aspetos positivos e aspetos negativos. Mas este é o cenário em Lisboa. E creio que será cada vez mais o cenário em toda a parte. Jovens licenciados, inteligentes, competentes que se querem dedicar ao serviço público e que ascendem aos lugares públicos através dos partidos políticos a que pertencem. 

Estas quatro candidaturas do PS, CDS, PCP e BE representam a profissionalização da política. Significa que estes quatro partidos políticos assumiram plenamente que não podem estar à espera que grandes figurões da vida civil, ainda que sejam seus militantes, larguem as suas vidas bem-sucedidas, na advocacia ou nas empresas, para irem servir a causa pública. 

E fazem-no também por razões financeiras, claro. Quem construiu uma boa e reputada carreira noutra área profissional não a vai largar para disputar uma qualquer eleição de resultado incerto e mal paga. Donde resulta que os partidos têm de apostar e formar os seus quadros. Foi isso que já fizeram o PS, o CDS, o PCP e o BE: são esses os candidatos que apresentam agora à Câmara de Lisboa. 

Então e os senadores e barões não servem para nada? Claro que servem. Francisco Louçã, que costuma ser um mau exemplo, acabou de dar um bom exemplo. Nos jornais ‘apresentou’ Ricardo Robles, falou bem dele, apoiou-o. 
Podia ter aproveitado a comunicação social para se mostrar azedo ou ressabiado, mas não. Preferiu apoiar a geração seguinte. Fez bem, é este o caminho, passar o testemunho. 

Lisboa vai ter assim um lote de candidatos novos, com pouca experiência e baixa notoriedade. Todos os líderes partidários vão ter de ir para o terreno promover os seus candidatos.

É neste contexto que Teresa Leal Coelho é apresentada como candidata do PSD. Ora, há qualquer coisa de profundamente estranho no facto de se exigir ao candidato do PSD um estatuto político que não se exige a mais nenhum candidato de mais nenhum partido. Não há?