Ronaldo e o bailinho na Madeira… até Claesson ter estragado a festa

Na estreia em casa com a camisola da seleção, Ronaldo marcou antes de dar o lugar a Quaresma. Festa, reviravolta e infelicidade marcaram o particular no estádio do Marítimo

Foi emocionante o regresso de Cristiano Ronaldo a casa, e o capitão tratou de retribuir em campo o apoio vindo das bancadas. Com 10.415 adeptos, maior assistência de sempre registada no Estádio do Marítimo, a seleção voltou a pisar os relvados da Madeira 16 anos depois de lá ter disputado o último encontro. E Ronaldo também voltou a campo na ilha onde nasceu, pela primeira vez com a camisola da seleção. Até então os madeirenses só tinham tido a oportunidade de ver o filho da terra jogar em casa durante a sua passagem pelo Sporting (que proporcionou duas deslocações do capitão das quinas à Pérola do Atlântico, em 2003). Ou, claro, sem esquecer, no Andorinha, clube amador da Madeira onde deu o pontapé de saída, com apenas sete anos, e no Nacional da Madeira, clube para o qual se mudou nos iniciados. Com 32 anos aterra novamente em casa, agora como melhor jogador do mundo.

Pouco lhe interessa se se trata de um jogo particular porque quando entra em campo é para ganhar. E assim foi, durante os 58 minutos em que esteve dentro das quatro linhas. Ronaldo precisou de poucos minutos para levantar o seu público: 17 minutos mais precisamente, depois de um cruzamento de Gelson que teve a sua primeira oportunidade na seleção enquanto titular (Ronaldo, como seria de esperar, foi o único jogador que manteve a titularidade em relação ao onze lançado frente à Hungria). Cada toque na bola, cada drible, cada avanço por parte de Ronaldo era motivo de festa. Até porque o capitão acabara de assinar o 71.º golo ao serviço da seleção, marca que o coloca no terceiro lugar dos melhores marcadores das seleções europeias, a 13 golos do húngaro Puskas, que segue na liderança com 84 golos.

Aos 25 minutos voltou a levantar os mais de dez mil espectadores do banco num remate travado por uma enorme defesa do guardião sueco Johnsson. Mas o golo, o segundo de Portugal chegou ainda antes do intervalo. Na jogada Ronaldo e Gelson (outra vez!), que cruza para autogolo de Johnsson.

Num jogo-teste (dez alterações no onze inicial) com nota positiva para Fernando Santos e companhia, só o teimoso Claesson (que ameaçava a baliza do estreante Marafona desde o início do encontro) veio parar o bailinho da Madeira. O avançado sueco reentrou na segunda parte com a pontaria afinada e bisou (57’ e 76’), devolvendo a igualdade ao marcador. E no fim, a infelicidade maior com autogolo de João Cancelo já nos descontos, numa segunda parte que Fernando Santos considerou “pouco responsável”. Este foi o 18.º confronto entre as duas nações. Portugal continua, assim, com cinco triunfos, seis empates e, desta feita, sete derrotas. Mas tudo isso passa para segundo plano quando a “homenagem ao povo da Madeira”, como disse Ronaldo, fica cumprida.

Voos maiores

Hoje volta a ser um dia especial para Cristiano Ronaldo. Agora, fora dos relvados. Depois da polémica chegou o dia. Aeroporto Cristiano Ronaldo. É assim que a partir desta quarta-feira o aeroporto da Madeira passa a ser designado. A notícia correu mundo, a par da polémica. “Ca y est! L’aéroport de Funchal est renommé ‘Cristiano Ronaldo’”, escreveu o francês 20 minutes, realçando o império que o craque já construiu na terra onde nasceu (hotel, museu ou a estátua do capitão das quinas que foi erguida na terra). “El aeropuerto de Cristiano en Portugal que desata la polémica”, diz o espanhol ABC que refere ao longo do artigo a opinião do socialista Francisco Seixas da Costa. “Ficaria muito menos chocado que o nome de Alberto João Jardim fosse dado ao aeroporto da Madeira, em lugar do de Cristiano Ronaldo, cujas qualidades atléticas ficariam, com certeza, muito mais adequadamente consagradas num estádio ou outra instalação desportiva”, partilhou Seixas da Costa nas redes sociais, num texto em que apelidou a renomeação de “oportunismo turístico”. À semelhança do ABC, também o desportivo AS realçou os desentendimentos à volta da decisão num texto intitulado “Cristiano Ronaldo Airport ‘tests the limits of absurdity’”.