Carreiras mais longas: BE faz três exigências

O BE considera que as negociações que decorrem à esquerda com o Governo para acabar com as penalizações a quem tem carreiras contributivas mais longas são uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. José Soeiro aproveitou hoje as declarações políticas no Parlamento para apresentar ao Governo três exigências.

São três as reivindicações que o BE leva para a mesa negocial, para que a regra possa ser a reforma a partir dos 40 anos de desconto ou dos 65 anos de idade para o regime geral, e que José Soeiro enunciou hoje no plenário da Assembleia da República.

Para o BE, é importante "permitir o acesso à reforma sem penalizações para quem começou a descontar antes dos 16 anos".

Mas também "valorizar as carreiras de quem tem mais de 40 anos de descontos, por via da antecipação real da idade da reforma". Os bloquistas acham que esta antecipação "tem de ser muito superior à atual regra dos 4 meses de antecipação por cada ano de descontos acima de 40".

Além disso, os bloquistas querem "desagravar as penalizações atualmente existentes para quem pede reforma antecipada".

Tudo isto, garantindo que "quem descontou para a Caixa Geral de Aposentações não pode ficar excluído dos princípios mais justos que estamos a discutir".

O que o Governo anunciou não chega, avisa BE

José Soeiro considera que "o fim do corte de 14% por efeito do fator de sustentabilidade sobre todas as pensões antecipadas é uma boa notícia", mas não chega.

O deputado do BE foi hoje ao Parlamento lembrar as pessoas que começaram a trabalhar aos 12, 13 14 anos e que hoje se vêem confrontadas com a obrigação de trabalhar mais dez anos, muitas vezes em trabalhos duríssimos como o dos trabalhadores das pedreiras de Peroselo cujas histórias José Soeiro trouxe ao plenário.

"Estas pessoas têm hoje carreiras longuíssimas, mas a vida de trabalho que levam não é considerada suficiente para dar acesso a uma pensão", apontou Soeiro, que considera estar-se perante uma situação de injustiça.

"Ou seja, a mesma sociedade que lhes roubou o final da infância não lhes reconhece hoje o direito a reformarem-se mais cedo sem penalizações. Que justiça existe nisto?", questionou o bloquista, lembrando que estas pessoas que foram vítimas do que hoje se considera trabalho infantil chegaram mesmo a trabalhar dois anos sem poderem fazer descontos.

"Estes trabalhadores, que começaram a trabalhar aos 12 e a descontar aos 14 anos (porque a regra era iniciar descontos só aos 14, mesmo quem já tinha começado a trabalhar mais cedo), têm hoje 44, 45 ou 46 anos de desconto para a Segurança Social", frisou José Soeiro, explicando que o objetivo da maioria de esquerda é ultrapassar esta injustiça.

"É isso que hoje acontece. É isso que é preciso mudar. É sobre isso que o Governo e a maioria parlamentar se encontram a trabalhar", reforçou Soeiro.