Líder parlamentar do PS Madeira demite-se após visita de António Costa

Jaime Leandro diz não querer fazer parte de um “partido telecomandado”

 

Jaime Leandro, líder do grupo parlamentar do PS na Assembleia da Madeira, apresentou esta quinta-feira a demissão, por considerar que a estrutura autónoma do partido foi ultrapassada ao ter conhecimento de um alegado acordo promovido por António Costa para a Câmara do Funchal.

Na hora de justificar a sua decisão, o presidente do grupo parlamentar foi contundente. "Acabei por perceber que havia aqui outras razões encapotadas para a visita [do primeiro-ministro e secretário-geral socialista, António Costa] e entendo que o Partido Socialista da Madeira tem de ser governado pelos militantes da Madeira e não é um partido telecomandado", afirmou Jaime Leandro, considerando ainda que António Costa "impingiu a partir do continente uma governação para o partido".

O Primeiro-Ministro, recorde-se, esteve na Região Autónoma da Madeira para assistir à renomeação do aeroporto da Madeira para o de Cristiano Ronaldo, nesta quarta-feira, e antes de partir, reuniu-se ao almoço com o líder do partido Juntos Pelo Povo (JPP), Filipe Sousa, no qual terá negociado um acordo para apoiar uma recandidatura de Paulo Cafofo à Câmara do Funchal – eleito nas últimas autárquicas pela coligação "Mudança" (PS, BE, MPT, PTP e PAN).

"Eu, obviamente, não tenho condições para continuar a confrontar o JPP enquanto líder parlamentar na Assembleia Legislativa Regional quando o meu secretário-geral a nível nacional, na qualidade de primeiro-ministro, vem à Madeira e desautoriza o partido", continuou Jaime Leandro, considerando tal cenário "inaceitável": "Resolvi assumir a responsabilidade por aquilo que aconteceu e dizer basta."

O JPP, entretanto, reagiu às declarações de Jaime Leandro, num comunicado assinado pelo secretário-geral do partido, Élvio Sousa. "A reunião mantida esta quarta-feira, 29 de março, entre o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz e o primeiro-ministro revestiu-se de natureza institucional e não político-partidária. O encontro visou agradecer a abertura e apoio que o Governo da República tem tido para com o município de Santa Cruz. Não existiu com o objetivo essencial de negociação autárquica entre o JPP e o PS nacional, mas sim devido a solidariedade entre instituições amigas", pode ler-se no documento.