Análise de economista do BCE garante que aumento do salário mínino trava emprego

Estudo destaca os efeitos negativos das subidas do salário mínimo.

Uma nova análise, assinada pelo chefe de missão do Banco Central Europeu (BCE) para Portugal, esclarece que os aumentos do salário mínimo feitos entre 2008 e 2015 estão a levar a levar a uma subida de cerca de quatro pontos percentuais à taxa de desemprego nacional.

De acordo com Isabel Vansteenkiste, só a subida de 2014 penalizou a taxa em um ponto e a verdade é que o estudo mostra que se deve ter em atenção os efeitos negativos das subidas que têm sido feitas no salário mínimo.

Para a economista, o aumento do desemprego durante os anos que ficaram marcados pela crise foi uma consequência da destruição de postos de trabalho em terminados setores, nomeadamente, no setor da construção civil. Isabel Vansteenkiste destaca, por isso, a natureza temporária. Mas admite que não será fácil recuperar e voltar a uma situação mais favorável tendo em conta as medidas que foram adotadas, nomeadamente, o aumento do salário mínimo face ao mediano e que em 2016 já era equivalente 63%.

Acima de tudo, a economista defende que existe a possibilidade de a subida do salário mínimo poder prejudicar a criação de emprego com esta base de rendimento. O alerta é dado porque poderá existir uma penalização para os jovens e trabalhadores menos qualificados.

"O aumento do rácio do salário mínimo [face ao mediano] entre 2008 e 2011 contribuiu para um aumento da taxa de desemprego de cerca de 2 pontos percentuais", explica a economista no “Did the crisis permanently scar the portuguese labour market?”.

No entanto, o trabalho e as estimativas que fazem parte desta análise não contemplam os aumentos que foram feitos desde 2016. Recorde-se que o valor do salário mínimo subiu em janeiro para 557 euros e o objetivo do governo é que no final da legislatura esteja nos 600 euros.