Usar armas químicas é um ato ignóbil

As armas químicas foram de novo usadas na guerra civil síria. É hoje noticiada a morte de 58 pessoas, na sequência de um ataque aéreo com este tipo de armamento, realizado por aviões não identificados.

Sabe-se que o regime sírio, de Bashar al-Assad, dispunha de este tipo de armas em quantidades colossais. Daí a exigência da comunidade internacional: que, em conformidade com as leis da guerra (por estranho que possa parecer, a guerra tem leis, e os crimes de guerra não prescrevem), todas as armas químicas fossem destruídas. E, segundo o Financial Times, só existiam duas entidades no mundo capazes de proceder à destruição de armamento químico em tão larga escala: as forças armas dos Estados Unidos da América e da Federação Russa. Alguém, pelos vistos, não terá levado o trabalho até ao fim.

Não se sabe quem perpetrou tão vil ataque, mas a Rússia não sai muito bem desta história. Ou foi ela que esteve na origem do ataque, ou foram as forças do seu aliado Bashar al-Assad, que nessa hipótese devia ser melhor controlado. De qualquer maneira, o facto de a região onde se deu o ataque ser sobrevoada há dias por aviões e helicópteros não identificados faz lembrar as táticas russas durante a invasão da Crimeia, que foi realizada por tropas não identificadas, sem insígnias. Como explicou Nuno Rogeiro na televisão, “as insígnias na farda são o que distingue um exército de um bando de meliantes”. Nada que incomode o Sr. Putin.

Restam de hoje 58 vítimas mortais. Segundo a CIA, morrer na sequência de um ataque químico é uma morte horrível, por asfixia. E, como fez notar o ex-secretário de Estado americano, John Kerry, morre-se sem que uma gota de sangue tenha sido derramada. O ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, também produzia e utilizava armas químicas com abundância, quer na sua guerra com o Irão, quer a nível interno, para melhor controlar os curdos. E é de um ataque com armas químicas no Curdistão iraquiano que existe uma foto que ilustra um dos aspetos deste tipo de armamento: é que aniquila todas as criaturas vivas. Por isso é que a foto de um homem e de um cão deitados lado a lado no meio da rua, companheiros na vida e na morte, se tornou célebre.