Novo Banco: Esquerda unida contra PSD/CDS

O debate sobre a venda do Novo Banco começou com um discurso duro de Mariana Mortágua sobre o negócio firmado com o Lone Star pelo Governo. Mas as críticas feitas por PSD e CDS ao “mau negócio” acabaram por levar as esquerdas a unirem-se para apontar o dedo ao Governo de Passos e Portas.

Eurico Brilhante Dias, do PS, foi o primeiro a lembrar que este desfecho para o Novo Banco teve origem em decisões tomadas durante o Governo PSD/CDS. Mas rapidamente PCP, BE e Mário Centeno se juntaram à argumentação.

"Não vivemos de facto no País das Maravilhas, mas vivemos no mesmo país em que vivíamos quando nos contaram a fábula da saída limpa", disse o ministro das Finanças, na sua intervenção final no debate, lembrando que esse país é o mesmo dos "compromissos face ao Banif e aos oito planos de reestruturação nunca aprovados", da "venda falhada do Novo Banco em agosto de 2014", do "plano de reestruturação não cumprido da CGD" e do "processo de sanções" aberto por causa do défice excessivo de 2014.

"É a esse país que nós nos dirigimos", explicou Mário Centeno, poucos minutos depois de assumir que a venda acordada com o Lone Star "foi o melhor negócio possível", mesmo que não tenha sido o ideal.

Mariana Mortágua não concorda com essa análise, mas também vê neste desfecho a consequência de um caminho que começou com a anterior maioria.

"Esta solução ou esta não solução foi pensada por PSD/CDS", apontou a deputada do BE, frisando que "este negócio foi montado por Sérgio Monteiro", o antigo secretário de Estado do Governo de Passos e Portas que foi contratado pelo Banco de Portugal para vender o Novo Banco.

Mortágua sublinhou, aliás, que este negócio "foi feito com base numa promessa feita a Bruxelas de que o banco seria vendido até agosto de 2017" assumida pelo anterior Governo.

"Eu defendo o que defendia à dois anos, que foi a nacionalização do Novo Banco", atirou a bloquista, que confrontou os sociais-democratas com o facto de criticarem a venda parcial mas não esclarecem qual seria o caminho alternativo a seguir dadas as circunstâncias.

"O PSD defende o quê? Qual é a alternativa?", questionou Mariana Mortágua, vincando a oposição do BE à decisão do Governo.

"Senhor ministro, não está claro por que é que o Novo Banco não pode ser nacionalizado", avisou Mortágua, lembrando que o tema não vai sair da agenda parlamentar e apelando ao Governo para que se junte a BE e PCP no que considera ser a melhor solução para o interesse nacional.