Diga ‘Aloha’ a um prato cheio de saúde

Depois de um espaço em Sesimbra, o Aloha Café abriu em Lisboa a segunda loja. 

“Queremos ser o sítio onde as pessoas podem vir na mesma beber um galão e comer uma torrada”, começa por explicar Constância Franco, “mas na versão saudável”. Este acrescento é fundamental para perceber o conceito do Aloha, a nova cafetaria do Príncipe Real, onde não existem produtos de origem animal e tudo o que entra é biológico.

Decidimos seguir o mote e tomar o pequeno-almoço. Às torradas em pão de espelta e ao galão feito com bebida de arroz, juntam-se umas panquecas de alfarroba, iogurte com fruta e sementes e um sumo de abacaxi, banana e kiwi.

Com a mesa posta, falemos sobre este novo espaço que vem provar que, ao contrário do que muitos pensam, o saudável não é uma moda. Mas de uma moda se tratasse, Constância podia ser considerada uma lançadora de tendências. Ainda como estudante, criou um projeto para um programa criado para jovens com ideias de negócio. “Na minha cabeça já era o Aloha”, conta, até porque na altura sentia falta de sítios onde pudesse comer bem fora de casa. O projeto foi finalista, mas a falta de financiamento adiou o sonho, mas não a vontade de saber mais sobre cozinha. O curso de psicologia ficou apenas para currículo, para dar tempo a Constância para se dedicar a cursos de cozinha macrobiótica e ao blogue que criou para partilhar as receitas que ia criando.

Apesar da dedicação, o Aloha continuou na gaveta até ao dia em que foi dado o empurrão que faltava para que Constância desse a conhecer ao mundo aquilo que se passava apenas na sua cozinha. Quando percebeu que o menu vegetariano da escola da filha era fraco nutricionalmente, falou com a professora que sugeriu que fosse Constância a preparar esses menus especiais. Como para isso, precisava de um espaço físico, nada mais conveniente para que o Aloha passasse da ideia à prática, ainda que num espaço apenas de dez lugares em Sesimbra.

“Numa terra com o lema ‘Sesimbra é peixe’ foi uma loucura abrir um espaço totalmente vegan”, lembra. Mas a loucura funcionou e rapidamente tiveram que encontrar um espaço maior. Mais recentemente, abriram no Príncipe Real uma loja que se destaca pelo conceito de cafetaria, com refeições ligeiras, prato do dia e menus de pequeno-almoço e brunch.

Atravessar o rio

O primeiro fim de semana em Lisboa “foi a loucura”, comenta Constância, “cozinhamos mais de dez quilos de tofu”. Tudo por causa do brunch, que pode ser servido de duas formas: a versão mais económica custa 10,90 euros e inclui um cesto de pão, compotas, tofu mexido, iogurte com muesli e fruta ou papas de aveia, salda da época e uma bebida quente. A versão mais completa custa 15,90 euros e conta ainda com panquecas, carpaccio de tofu fumado e sumo natural do dia.

No resto da semana, as opções de pequeno-almoço desdobram-se entre torradas, panquecas, assai, iogurtes  ou crepes. Ao almoço, pode optar pelo prato do dia ou por uma das opções da ementa que podem ir desde sopa miso com noodles, a wrap de húmus ou hambúrguer de tofu ou seitan.

Grávida do segundo filho, Constância e o marido – que entretanto também passou a dedicar-se a 100% a um projeto que já é familiar – desdobram-se entre as lojas das duas margens. “Mas vale a pena”, admite, principalmente quando vê que o que faz é suficiente para mudar a vida de alguns clientes. “Em Sesimbra, um senhor passou a almoçar todos os dias no Aloha quando descobriu que tinha leucemia, de maneira a comer melhor. Passado umas semanas, o médico pergunta-lhe ‘Mas o que andou a fazer para ter estes resultados?’. Os níveis de leucócitos tinham baixado de uma forma incrível”.

Mas Constância nem precisa de sair de casa para ter provas dadas de que a comida saudável traz resultados. A filha de cinco anos, que segue o mesmo tipo de alimentação que os pais, nunca tomou um antibiótico e raramente ficou doente. "Come bróculos como quem come batatas-fritas e se lhe perguntarem qual é o prato preferido é bem capaz de responder 'estufadinho de grão'".