Polémica nas avenças do Eixo Central

Moradores de várias zonas queixam-se por causa do estacionamento e há quem se sinta lesado.

O estacionamento na Lapa, Saldanha, Carnide e numa lista aparentemente interminável de zonas em Lisboa tem deixado os moradores de cabelos em pé. Uns queixam-se da «plantação de mealheiros da EMEL», outros dizem-se enganados pela Câmara de Lisboa.

Uma das últimas surpresas para moradores na guerra dos estacionamentos surgiu no Eixo Central – entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno. A Câmara de Lisboa anunciou há um ano que iriam ser disponibilizadas 165 avenças em parques subterrâneos e prometeu ainda que seriam reservados 68% dos lugares à superfície para residentes na Avenida da República. Foi então acordado que, por um valor mensal de 25 euros, os moradores da zona poderiam deixar o carro num parque de estacionamento privado. 

Embora, na altura, as soluções não tenham serenado por completo os moradores, muitos foram os que acabaram por aceitar. 

No entanto, dois meses depois do anunciado, a EMEL acabou por iniciar o período de candidaturas, mas apenas para 150 avenças nos parques do Campo Pequeno e do Picoas Plaza. A empresa esclarecia ainda que as assinaturas se destinavam «a residentes das zonas abrangidas pela intervenção no Eixo Central, portadores do dístico válido».
Acordo fechado, carro no parque de estacionamento, problema resolvido. No entanto, o que muitos não contavam era receber uma carta da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), há uma semana, a dar conta de que «terminadas as obras de requalificação do Eixo Central, desapareceu a premissa que motivou a solução alternativa de estacionamento» já a partir do próximo mês de junho. 

Contactada, a Câmara de Lisboa diz ao SOL que «estava indicado que a avença era só para compensar os incómodos resultantes das obras». Mas os moradores não concordam e garantem ter sido enganados. Um dos moradores explica que tem «um contrato para o programa Assinatura Mensal» e que não lhe foi dito que seria apenas durante as obras. Até porque «tinha um contrato para ter lugar e, se soubesse que era apenas por este tempo, não o tinha terminado. E agora não o consigo voltar a fazer nas mesmas condições».

Desde muito cedo, sempre que era discutida a questão das obras na zona o problema dos estacionamentos era sempre o primeiro a ser colocado em cima da mesa. 

O problema do estacionamento é aliás transversal. A polémica mais recente aconteceu em Carnide, onde os moradores arrancaram os parquímetros. Os moradores na Lapa também foram surpreendidos com a implementação «de mealheiros da EMEL», como lhes chamam os moradores.

No caso de Carnide, a situação complicou-se depois de a EMEL ter decidido apresentar uma queixa-crime depois de os moradores terem arrancado os 12 parquímetros que foram instalados na zona. De acordo com o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa, a «ação popular» nasceu de forma espontânea, motivada pelo descontentamento com a colocação dos parquímetros por parte da EMEL «sem uma consulta pública».

Já Fernando Medina, por seu lado, fez saber que é «inqualificável» a remoção dos parquímetros.