Dezenas de milhares contra Maduro

Contestação aumenta com tentativa de afastar Capriles

A oposição venezuelana está inegavelmente revigorada desde que o oficialismo tentou invalidar a sua maioria no Congresso. No sábado deu mostras disso, ao mobilizar dezenas de milhares de pessoas, em várias cidades do país, que marcharam contra Nicolás Maduro e o que entendem ser o rumo autoritário da sua presidência e em resposta à ordem governamental que proíbe o líder da oposição, Henrique Capriles, de ocupar cargos políticos por 15 anos.

Polícia e manifestantes entraram em confrontos na capital venezuelana, onde foram lançadas tantas granadas de gás lacrimogéneo que uma delas atingiu o depósito de uma empresa de encomendas perto do gabinete de Capriles, incendiando-o e motivando acusações de que as autoridades tentavam atacar diretamente o antigo candidato à presidência. Cinquenta pessoas foram detidas.

Os protestos de sábado estavam já agendados como mais uma jornada da onda de manifestações contra o governo de Maduro, iniciada desde que o Supremo – sob o controlo do oficialismo – retirou por dois dias os poderes ao Parlamento. Desde terça-feira morreu um manifestante e cerca de 160 pessoas foram detidas, segundo escrevia ontem o “El País”.

As notícias do afastamento de Capriles, por financiamento ilegal do governo britânico e irregularidades contratuais, por exemplo, só reforçaram o descontentamento nas ruas, onde se ouviram no sábado gritos de “Capriles a presidente” e “fim à ditadura”. Capriles recusa-se a obedecer à ordem de afastamento e assegura que continuará como governador do estado de Miranda.

A confirmar-se a proibição, contudo, a oposição perde a sua figura mais popular e o mais poderoso rival de Maduro nas próximas eleições. Para muitos, esta manobra do governo venezuelano é semelhante à decisão de prender Leopoldo López, o maior nome do combate ao oficialismo.