Dijsselbloem: “Portugal não queria realmente a minha demissão”

Presidente do Eurogrupo diz que o silêncio de Mourinho Félix na última reunião foi demonstrativo da vontade portuguesa

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, revelou acreditar que Portugal não queria realmente a sua demissão, na sequência dos comentários que proferiu sobre os países do sul da Europa gostarem de "gastar dinheiro em copos e mulheres". No entender do ministro holandês, o facto de Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, ter "ficado calado" na última reunião conjunta é uma prova inequívoca de que Portugal não estava assim tão interessado na sua saída do organismo.

"Estava à espera que o colega português pedisse a minha demissão”, confessou Dijsselbloem em entrevista ao diário holandês "De Volkskrant", no qual garantiu também sentir "tristeza" pela repercussão que os infames comentários acabaram por atingir. "Entristece-me muito que tenhamos dedicado tanto tempo e energia a uma entrevista enquanto a Grécia cai numa nova crise", afirmou, considerando que foi tratado como se tivesse cometido um "crime de guerra".

Dijsselbloem, de resto, voltou a negar-se a pedir desculpa pelas declarações, garantindo ter sido mal interpretado. "Não podia retratar-me de uma coisa que não tinha dito, de uma coisa à qual não me referi", salientou. Questionado sobre se espera cumprir o seu mandato até janeiro de 2018 à frente do grupo que reúne os ministros das Finanças dos países do euro, o social-democrata holandês lembrou que a curto prazo irá haver um novo Governo no seu país, pelo que o Eurogrupo terá de "procurar rapidamente um novo presidente", embora deixando no ar a possibilidade de concluir o mandato caso não seja encontrada uma solução em tempo útil.