BCE. Portugal no top 4 dos bancos com mais crédito malparado

Constâncio diz que cabe a cada país encontrar solução para crédito malparado.

 Portugal aparece em quarto lugar nos países sob supervisão com maior quantidade de crédito malparado nos bancos. A conclusão é do relatório anual do Banco Central Europeu (BCE) de 2016 e lembra que, o rácio de crédito não produtivos é persistentemente elevado em países como o Chipre (47%), Grécia (37%), Itália (17,5%) e Portugal (12,4%).

“O principal fator impulsionador da deterioração da qualidade dos ativos bancários na área do euro foi o setor empresarial, em particular o setor das PME e das propriedades comerciais”, avança o relatório, citado pelo Jornal Económico.

O crédito malparado põe pressão sobre os lucros dos bancos e levam ao aumento das necessidade de capital uma situação que não é nova para Portugal. O elevado crédito malparado afeta os custos de financiamento dos bancos por causa da deterioração do perfil de risco do banco, criando um ciclo vicioso. Por um lado os bancos precisam de capital para limpar os balanços (constituir imparidades) e por outro têm dificuldade em levantar capital.

Já a agência de notação financeira Fitchn tinha estimado, no início deste mês, que existiam pelo menos 35 de 125 instituições supervisionadas pelo BCE com níveis de malparado acima da média, "sobretudo na Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha, mas também em algumas economias do norte da Europa".

Constâncio diz que solução tem de ser encontrada por cada Estado

Para o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, cabe a cada Estado-membro encontrar uma solução para lidar com o elevado volume de crédito problemático que pesa nos balanços dos bancos.

O responsável disse ainda que este problema "precisa de uma resposta alargada", de uma "estratégia", até porque além dos efeitos negativos que tem nas instituições, tem também implicações na economia.

Ainda assim, admite que a nível europeu o que tem que ser feito é definir um modelo ou padrão sobre como lidar com esses activos problemáticos ('blueprint'), mas defendeu que resolver o problema é da responsabilidade de cada Estado-membro e deve caber a estes definir e executar soluções, não havendo intenção de criar um mecanismo "pan-europeu".