Venezuela. Maduro convoca exército para marchar nas ruas de Caracas

Em vésperas de uma manifestação da oposição, o presidente apelou aos militares para marcharem pelo “repúdio aos traidores da pátria” e “em defesa da moral e da honra” do regime

Passadas duas semanas de intensos protestos na Venezuela e na iminência da realização de um nova manifestação de grandes proporções em Caracas, na quarta-feira – convocada pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), a plataforma  política opositora do chavismo, que tem maioria no parlamento do país –, Nicolas Maduro ordenou ao exército venezuelano que marche nas ruas da capital, a partir de amanhã.

“Desde o primeiro toque de alvorada, desde o primeiro cantar do galo, a Força Armada Nacional Bolivariana estará trotando e cantando ‘viva à união cívica militar’ e ‘viva à revolução bolivariana’!”, anunciou o presidente chavista, no domingo, a partir do Palácio de Miraflores, citado pelo jornal espanhol “El País”. 

A ideia de Maduro é que os militares marchem paralelamente aos protestantes da oposição, em “defesa da moral, da honra, do compromisso à pátria e em repúdio contra os traidores” que, segundo o líder venezuelano, “triangulam conspirações” desde Miami (Estado Unidos), Bogotá (Colômbia) e Santo Domingo (República Dominicana). 

Para além disso, o governo socialista pretende ainda que a marcha sirva para afastar de vez os rumores sobre as alegadas divergências dentro do corpo militar do país. Boatos esses que foram refutados hoje pelo ministro da Defesa. “A Força Armada Nacional Bolivariana preserva a sua unidade monolítica, granítica e ratifica a sua lealdade incondicional ao Sr. Presidente”, garantiu Vladimir Padrino López.

Afogada numa das piores crises económicas e políticas da sua História, a Venezuela tem testemunhado um aumento significativo das manifestações de protesto contra Maduro – tanto em Caracas como nas cidades e vilas mais pobres do país –, particularmente desde a tentativa de dissolução da Assembleia Nacional, decretada pelo Supremo Tribunal de Justiça, no final do mês passado, entretanto revertida pelo regime.