Venezuela. Maduro sonha com um milhão de civis armados

Líder chavista quer aumentar Milícia Nacional Bolivariana e oferece uma arma a cada miliciano

A atravessar um dos períodos mais negros de governação, desde que substituiu Hugo Chávez à frente dos destinos da Venezuela, em 2013 – em grande medida fruto da ordem de retirada de poderes da Assembleia Nacional, decretada pelo Supremo Tribunal de Justiça, no final do mês passado, que resultou em manifestações diárias contra o governo – o presidente Nicolás Maduro decidiu apostar numa estratégia de demonstração de força para conter os protestos populares. 

Para além de ter convocado o exército para marchar nas ruas de Caracas, em “defesa da moral, da honra, do compromisso à pátria e em repúdio contra os traidores”, numa resposta à manifestação convocada para hoje, pela Mesa da Unidade Democrática (MUD) – a plataforma  política opositora do chavismo, que tem maioria no parlamento do país – Maduro anunciou a intenção de aumentar exponencialmente o número de membros da Milícia Nacional Bolivariana (MNB). Para tal, promete oferecer “uma arma para cada miliciano”. 

Criada em 2007 por Chávez, a MNB é um corpo de milícias, composto por civis, que complementa e presta apoio às forças armadas da Venezuela. O objetivo de Maduro é lograr os 500 mil milicianos, numa primeira fase e, após atingida essa meta, apontar a um milhão de membros.

“Queremos um milhão de milicianos e milicianas, organizados, treinados e armados para defender a paz, a soberania, a independência da pátria”, afirmou ontem o presidente venezuelano, citado pelo jornal espanhol “El País”, num evento da MNB, no qual destacou igulamente a importância de cada miliciano, na defesa do “seu bairro”, do “seu território” e do “seu estado”. 

Em resposta, o líder do partido maioritário da MUD, Henrique Capriles, defendeu que a Venezuela “não quer armas”, mas “comida e medicamentos”.