Dívida. Comunistas querem comissão para analisar endividamento

O PCP quer criar no parlamento uma comissão eventual de avaliação do endividamento público e externo.

A menos de uma semana de ser apresentado o relatório com as conclusões do grupo de trabalho que juntou BE e governo para analisar a dívida, os comunistas entregaram na Assembleia da República a proposta que já tinham anunciado há um mês.

Para o PCP, este é um passo essencial para que as questões da dívida pública possam ser discutidas a nível institucional. Paulo Sá explica que o objetivo da comissão que o seu partido propõe é “avaliar as causas da dívida pública portuguesa”, fazer “um diagnóstico da situação presente, avaliar a situação futura e debater as soluções para este grave problema”. É que, além da renegociação que os comunistas defendem, o PCP acredita que apontar as razões do endividamento será importante “para que não se volte a repetir esta situação”.

Paulo Sá frisa que até agora têm falhado todas as previsões nacionais e internacionais que apontavam para uma descida da dívida, que continua nos 130% do PIB, e defende que é urgente um debate sobre aquele que é “um problema sério do país” e que “não desaparece por si mesmo”.

Maioria chumba proposta Os comunistas sabem à partida que a comissão que querem criar não terá o apoio de PS, PSD e CDS, pelo que não será concretizada. “De qualquer forma, nós entendemos que esta matéria é suficientemente relevante para que esta proposta seja discutida do ponto de vista formal”, diz o deputado para justificar a decisão de apresentar um projeto de deliberação que o PCP já sabe que será chumbado.

O que o PCP não quer é comentar diretamente a opção do BE de analisar as questões da dívida num âmbito de um grupo de trabalho com o governo, em vez de as trazer para uma comissão que integre todos os partidos, como propõem os comunistas. “Nós entendemos [que a questão da dívida] deve ter um enquadramento institucional”, limita-se a comentar Paulo Sá.